Sem redução de impostos sobre combustíveis, alta acumulada do IPCA seria de 7,77%

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ROSANA HESSEL

Os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados, nesta quinta-feira (9/2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram alta de 5,77% na inflação acumulada em 12 meses até janeiro, levemente abaixo dos 5,79% até dezembro de 2022. Contudo, se não fossem os estímulos fiscais, a inflação estaria, pelo menos, dois pontos percentuais acima, pelos cálculos do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre). Ou seja, o IPCA acumulado deste mês seria de 7,77%, bem acima do teto da meta de 2023, de 4,75%.

Na segunda metade de 2022, ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu os impostos federais sobre combustíveis no vale-tudo eleitoral, e que foram prorrogados pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Agora, estados negociam com a União as perdas acumuladas durante o período com a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que teve um teto de 17% a 18%, dependendo do estado.  O volume de perdas, segundo estimativas dos estados e do governo variam entre R$ 13 bilhões e R$ 45 bilhões. Um valor médio com pagamento parcelado ao longo dos próximos quatros anos de mandato vem sendo negociado pelo novo governo com os governadores.

De acordo com Braz, o resultado do IPCA de janeiro não surpreendeu e acabou ficando dentro das estimativas, apesar da alta dos preços dos alimentos, que sofrem pressão devido às chuvas. Por outro lado, o vestuário, lembrou ele, acabou registrando a primeira deflação após 12 meses de alta devido às liquidações, o que contribuiu para a desaceleração do IPCA entre dezembro e janeiro.

O economista do Ibre lembrou que, neste mês, o IPCA sofrerá pressões dos reajustes das mensalidades escolares e do material de volta às aulas. E, em março, haverá a recomposição dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol, cuja isenção acaba neste mês.  “Além da volta de aumento de preços da gasolina, o cenário para a inflação neste ano é de aumento de pressões, pois os reajustes pela inflação de 2022 em serviços, que têm um peso de 30% no IPCA, vão ocorrer ao longo deste ano”, alertou.

Vicente Nunes