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Sem auxílio emergencial, queda do PIB em 2020 seria de 7,1%, diz MB Associados

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O auxilio emergencial de R$ 600 tem tido um papel importante para manter o padrão de consumo do brasileiro durante a pandemia de covid-19. Ele tem evitado que a recessão na qual o país está mergulhada neste ano seja ainda maior do que as previsões do mercado. Sem essa ajuda do governo, a queda do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano seria de 7,1% e, no ano que vem, o fim desse benefício ainda vai impactar negativamente no PIB, em 2,4%, pelas estimativas da MB Associados.

 

A consultoria revisou recentemente de 5,3% para 4,8% a previsão do PIB deste ano. Contudo, se não fosse o auxílio emergencial, que, pelas contas do economista-chefe da MB, Sergio Vale, o tombo do PIB neste ano chegaria a 7,1%. Ele considerou no cálculo uma injeção de de R$ 332,4 bilhões na economia com o benefício, já considerando a parcela de R$ 300 de setembro até o fim do ano.

 

A nova projeção da MB está em linha com a estimativa de queda de 4,7% do governo para este ano. Contudo, a consultoria já é mais pessimista do que a equipe econômica em relação a 2021. Enquanto o governo prevê crescimento de 3,2%, a MB estima uma alta modesta, em torno de 2,2%.

 

De acordo com Vale, esse dado menor está relacionado com o fim do auxílio emergencial no ano que vem. “Considerando que o impacto de R$ 332,4 bilhões deste ano no consumo será zero no ano que vem, a queda no PIB poderia ser da ordem de 2,4%, que poderá ser compensada, em parte, para recuperação cíclica pós pandemia, o que, no final, reforça o cenário de crescimento baixo de 2,2% em 2021”, explicou Vale, em entrevista ao Blog.

 

Na avaliação do economista, não há tempo para uma discussão para a criação do Renda Brasil, programa que o presidente Jair Bolsonaro pretendia criar no lugar do Bolsa Família, mas que não tem encontrado espaço no Orçamento de 2021 sem que o teto de gastos estoure. “No segundo semestre está congestionado politicamente e temos um presidente sem condições políticas de mudar o abono salarial e outros benefícios”, destacou.

 

Em comunicado em vídeo nas redes sociais, nesta terça-feira (15/09), Bolsonaro se mostrou irritado com as propostas da equipe econômica para a criação do Renda Brasil e avisou que o assunto não será mais discutido neste ano e também nos anos seguintes do governo. “Até 2022, no meu governo, está proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Família e ponto final”, disse o chefe do Executivo.