#Suspeita de bomba no Banco Central Foto: CB/D.A Press

RTI: Banco Central melhora previsão do PIB, mas piora a de inflação

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Banco Central melhorou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, para 1,2%, mas piorou as estimativas de inflação, para  em grande parte por uma melhor contribuição do setor agropecuário, de acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (30/3). Contudo, alertou para que a o cenário prospectivo para 2023 é de desaceleração da atividade econômica, na comparação com os dois anos anteriores.

 

No relatório anterior, divulgado em dezembro de 2022, a projeção tinha sido revisada de 2,7% para 2,9%. Já  a previsão de crescimento de 1% em 2023 foi mantida, “refletindo cenário prospectivo de desaceleração da atividade  econômica”. O Banco Central manteve em 7% a estimativa de crescimento da agropecuária e elevou de zero para 0,3% a projeção para o desempenho da indústria.  A autoridade monetária revisou de 0,9% para 1% a estimativa O desempenho do setor de serviços, que tem maior peso no PIB.

 

As novas projeções do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, pioraram em relação ao relatório anterior, elevaram-se de 5% para 5,8%, neste ano, e de 3% para 3,6%, em 2024, uma das explicações para que o Comitê de Política Monetária (Copom) mantivesse a taxa básica da economia (Selic) em 13,75% ao ano pela quinta reunião seguida.  As projeções mostram que a inflação continua acima das metas, de 3,25% e de 3%, neste ano e no próximo, com tetos de 4,75% e de 4,5%, respectivamente. De acordo com documento, nesse cenário, projeções para a inflação de preços administrados são de 10,2%, em 2023, e de 5,3%, em 2024.

 

De acordo com o relatório, o Copom optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, referente ao terceiro trimestre de 2024, cuja projeção de inflação acumulada em 12 meses situa-se em 3,8%. E, para piorar, mesmo em cenário alternativo, no qual a taxa básica da economia (Selic) é mantida constante ao longo de todo o horizonte relevante, as projeções de inflação situam-se em 5,7%, para 2023, 3,3% para o terceiro trimestre de 2024 e 3% para os 12 meses de 2024.  “O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”, alertou o documento.

 

Não à toa, o Banco Central justificar a manutenção da taxa Selic no Relatório, o Banco Central reforçou que  sua principal missão é combater a inflação e, por conta disso, “entende que essa decisão do Copom é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024”.  “Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, acrescentou.

 

Os comentários do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, aos jornalistas sobre o RTI está previsto para ocorrer a partir das 11h, pouco depois do horário de início da entrevista coletiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para o detalhamento do novo arcabouço fiscal. As incertezas diante da falta de uma nova regra fiscal “sólida e crível” para controlar o aumento das despesas públicas é um dos motivos para o Copom manter a taxa Selic no atual patamar ou até mesmo aumentar os juros no futuro se as pressões inflacionárias persistirem.