RODOLFO COSTA
O ministro-chefe da Secretaria de Governo (Segov), Luiz Eduardo Ramos, não delegou a função de articular o cronograma da liberação de emendas parlamentares não impositivas junto ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Diferentemente do que publicou o Blog, o articulador político do governo não transferiu essa missão ao ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, mas interlocutores admitem que ele mantém conversas próximas com Maia. “Ele tem o jogo total sobre as emendas”, sustentou um assessor.
O relacionamento entre Ramos e Onyx, diferentemente do que se aponta no Congresso, vai de vento em popa, asseguram assessores do ministro. Eles sugerem que tudo não passa de “ruídos”, garantindo que ele permanece à frente de todas as tratativas com deputados e senadores para garantir, até 31 de dezembro, a liberação de recursos prometidos pelo governo aos parlamentares.
A relação com Maia também é boa. Sobretudo nessa reta final de ano, Ramos mobilizou uma força-tarefa em seu quadro técnico para auxiliá-lo na missão de garantir que todos os acordos sejam cumpridos. O próprio secretário-executivo da pasta, Jônathas Nery de Castro, o auxilia no contato com Maia. Toda semana, o auxiliar dialoga com a equipe do demista. Quando necessário, representa o ministro em reuniões.
Os “ruídos” são mais intensos na Câmara. “No Senado, não há. Disseram que o Davi (Alcolumbre, presidente do Senado) não queria pautar o PLN 48, mas isso não procede. O Ramos está em contato direto, tanto que a resposta do gabinete do Davi é de que o texto será votado na próxima semana”, destacou um assessor. O PLN propõe a abertura de crédito suplementar no valor de R$ 3,82 bilhões em recursos que serão remanejados dentro do próprio Orçamento da União.
Pente fino
As informações que circulam no Parlamento apontam que senadores trabalham para elevar os valores a serem remanejados dos R$ 3,82 bilhões para até R$ 12 bilhões, mas interlocutores da Segov negam. “Isso aí é boato. O (Paulo) Guedes (ministro da Economia) liberou mais R$ 1,9 bilhão, mas é um negócio a ser tratado com calma, com bons acordos”, sustentou um técnico.
Os barulhos na Câmara ecoam mais, sobretudo, entre líderes partidários. Há uma pressão para que a Segov pague a alguns parlamentares R$ 35 milhões em emendas. O valor, contudo, é fora do padrão acordado. “O Ramos vai cumprir com a liberação dos R$ 20 milhões prometidos”, destacou um assessor. O articulador conduz um pente fino para garantir que congressistas não recebam a mais, nem a menos do combinado. “Quem recebeu R$ 5 milhões ainda vai receber R$ 15 mi, e quem recebeu R$ 12 mi vai receber mais R$ 8 mi”, justificou.
Rigor
Por conta do rigor com a contabilidade, comenta-se no Parlamento que o governo não honrará o compromisso e que, por isso, o Executivo não estranhe se sofrer derrotas ou ter projetos de interesse aprovados de uma maneira desidratada. A equipe de Ramos, contudo, garante que tudo está sendo encaminhado. “O jogo duro, o controle exato, no bom sentido, precisa acontecer. Quando existe descontrole, é bom para alguns se darem bem às custas de outros”, analisou um técnico.
O ministro tem frisado a parlamentares, contudo, que verbas vinculadas ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) serão pagas no momento oportuno. “Como é empenho, são recursos que ficam condicionados à conclusão das obras. Mas tudo o que é devido será liberado. Estamos debruçados sobre planilhas e adotando critérios coordenados pelo ministro para honrar tudo”, explicou o assessor.