O mercado financeiro já emitiu sinais ao Palácio do Planalto de que espera uma ação mais enérgica do presidente Michel Temer para a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência Social. Os investidores estão cobrando de assessores de Temer garantias de que o presidente conseguirá sobreviver ao seu grande teste.
Ao menos cinco ministros estão na lista dos denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), com base em denúncias da Odebrecht. A lista também inclui os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. O temor entre os donos do dinheiro é de que a base do governo se esfalece e as reformas, dadas como certas, degringolem.
A pergunta que todos se fazem no mercado é sobre a estratégia que o governo usará para não se deixar paralisar pelas denúncias ao STF. Se Temer titubear, toda a complacência com qual o mercado vem tratando o governo irá pelos ares. Os investidores querem garantias de que Temer manterá a base unida e não deixará projetos importantes sem votação no Congresso.
Profissionais
Os investidores reconhecem que, como todos estão no mesmo barco, governo e Congresso vão se unir para enfrentar o terremoto provocado por Janot. Como se diz no Planalto, os denunciados são políticos profissionais, que costumam se unir quando o interesse é protegê-los. Certamente, alguns ficarão pelo meio do caminho, mas a maioria acredita que sobreviverá.
As primeiras momentos de negociações no mercado apresentaram saldo positivo, indicando que os investidores ainda estão acreditando na força do governo para tocar as reformas. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) está operando em alta e o dólar, caindo. Mas para esse movimento virar não precisa muita coisa.
Os investidores estão esperando a reunião de hoje entre Temer, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mender, e os presidentes da Câmara e do Senado. Certamente, a lista de Janot será o tema central da conversa. A expectativa é de que pelo menos um deles emita sinais de como será o enfrentamento da fase mais aguda da Lava-Jato.
Brasília, 10h20min