Nova diretoria da Santa Casa vai investigar ligação entre filho do presidente de Portugal e BRB

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Uma das missões da nova diretoria da Santa Casa de Lisboa, a ser nomeada pelo recém-empossado primeiro-ministro de Portugal, Luís Montenegro, será conduzir uma investigação sobre as ligações entre Nuno Rebelo de Sousa, filho do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, a instituição e o Banco de Brasília (BRB).

Em 2023, Nuno Rebelo de Sousa intermediou um negócio entre a Santa Casa e o BRB, que resultaria em uma parceria para a exploração de jogos no Distrito Federal. O Banco de Brasília receberia 14 milhões de euros (R$ 78,4 milhões, a valores de hoje). A operação, no entanto, foi abortada devido à proibição do Tribunal de Contas do DF e do Banco Central.

A intermediação do filho do presidente de Portugal da parceria entre o BRB e a Santa Casa de Lisboa foi noticiada no fim de dezembro passada pela TVI. À época, a então ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, admitiu que foi procurada duas vezes por Nuno para tratar do tema.

Presidente rompe com o filho

O próprio presidente de Portugal admitiu, em jantar com jornalistas estrangeiros, em 23 de abril último, que havia rompido as relações com o filho por causa do tráfico de influência. O líder português afirmou que Nuno estava se aproveitando do sobrenome para tirar vantagens indevidas em negócios e em relações políticas.

Marcelo citou dois casos para justificar o seu afastamento de Nuno: o primeiro, um encontro com políticos brasileiros, que teria causado enorme constrangimento; o segundo, o tratamento de duas gêmeas brasileiras, que custou 4 milhões de euros (R$ 22 milhões) aos cofres portugueses.

O presidente ressaltou, no mesmo jantar, que é duro romper com um filho, mas não lhe restou alternativa, pois estava se sentindo traído, uma vez que Nuno sempre teve a exata noção do cargo que o pai ocupa e dos custos políticos. “Ele é maior de idade, tem 51 anos, que responda por seus atos”, afirmou Marcelo.

A diretoria atual da Santa Casa de Lisboa, sob a liderança de Ana Jorge, foi exonerada nesta terça-feira (30/04) pelo primeiro ministro. Ele ressaltou que a situação financeira da instituição é dificílima. Estima-se que a Santa Casa tenha acumulado prejuízos de 50 milhões de euros no Brasil (R$ 280 milhões).

Vicente Nunes