HAMILTON FERRARI E GABRIEL PONTE
Dúvidas não faltam aos investidores nesses últimos 10 dias para o primeiro turno das eleições. De um lado, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro — o primeiro nas pesquisas de intenção de votos — é o mais bem avaliado qualitativamente pelo mercado. Mesmo assim, ainda não é unanimidade de que ele executará as medidas que defende. De outro lado, a volta do PT, de Fernando Haddad, ao poder é vista como algo prejudicial a economia, com possível alta de juros e inflação.
Mesmo assim, analistas afirmam que parte do mercado começa a digerir o nome de Haddad no governo. O próprio candidato e os economistas considerados “menos ortodoxos” do partido defendem uma agenda de reforma. Há um tom de mais calmaria nos ativos. De acordo com o economista-chefe do DMI Group, Daniel Xavier, apesar de o petista estar longe de ser consenso, alguns agentes começam a vê-lo com menos receio.
“Vemos um pouco essa propensão do mercado de ser mais tolerante com o Haddad”, diz. “É interessante que é da interface que o PT tem junto aos grandes bancos e instituições financeiras que vem esse rumor de releitura qualitativa do candidato. Parte do mercado passou a enxergar que uma eventual presidência de Haddad pode, sim, envolver reformas econômicas para o país voltar a crescer”, completa Xavier.
Mas esse sentimento não contagia todo o mercado. A grave crise fiscal deixada pelo PT não foi esquecida pelos investidores, que não querem mais governos considerados populistas. O estrategista financeiro da BlueMetrixs Investimentos, Renan Silva, alega que os agentes apostam numa vitória de Bolsonaro.
“Em suma, ambiente está mais calmo na semana com investidores apostando em Bolsonaro na liderança e a expectativa sendo atendida. A queda do dólar pode ser mais notada na quando ele se consolidar em primeiro lugar no segundo turno e manter Guedes na equipe econômica”, diz.
Enquanto o cenário doméstico reserva incertezas para os próximos dias, os investidores têm um dia de otimismo, acompanhando os mercados internacionais. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) termina o dia em 79.782 pontos, com alta de 1,43%. O dólar fecha abaixo de R$ 4, com queda de 0,77%, a R$ 3,99.
Brasília, 17h07min