Meirelles convoca presidente do BC para reunião de emergência

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POR ANTONIO TEMÓTEO

Em meio a onda baixista das principais bolsas de valores do mundo, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, convocou o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn para uma reunião de emergência para tratar do assunto. O encontro entre os dois ocorrerá 18h.

O temor de Meirelles é que os movimentos de aversão ao risco afetem a economia brasileira e pressionem a inflação, sobretudo com a disparada do dólar. O movimento de proteção ocorreu após o mercado avaliar que a economia dos Estados Unidos pode enfrentar um processo de superaquecimento, que resultaria em pressões inflacionárias, e obrigaria o Federal Reserve (FED) a subir os juros mais do que o estimado anteriormente pelos analistas.

O economista-chefe do banco Fibra, Cristiano Oliveira, detalha que na última sexta-feira foram divulgados indicadores referentes à evolução do mercado de trabalho norte-americano. Em janeiro foram criados 200 mil postos de trabalhos líquidos e a taxa de desemprego permaneceu estável em 4,1%. A mediana das estimativas apontava para abertura de 180 mil vagas.

No entanto, ele detalha que a principal surpresa que impactou os mercados foi o crescimento do salário médio por hora trabalhada na variação interanual. “Neste tipo de variação, em janeiro, os rendimentos aceleraram para 2,9%, o maior crescimento desde junho de 2009”, comentou.

Ele detalha que parcela significativa do mercado considera que a alta dos salários é o melhor indicador de pressão inflacionária para a economia norte-americana e o principal fator com potencial de alterar o ritmo de alta de juros nos Estados Unidos. “No entanto, ao mesmo tempo em que houve aceleração dos salários ocorreu um leve recuo no indicador semanal de horas trabalhadas o que gera alguma dúvida quanto à sustentação da aceleração dos rendimentos”, ponderou.

Com isso, Oliveira manteve inalterada a estimativa de que o câmbio terminará o ano em R$3,50. Ele acredita que o FED  será mais  agressivo na alta de juros ainda em 2018 e sinalizará aperto da política monetária, superior ao precificado, sobretudo, 2019.

Vicente Nunes