Líder da extrema-direita em Portugal diz se orgulhar da escravidão e do colonialismo

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No dia em que Portugal comemora os 50 anos da Revolução dos Cravos, que, em 25 de abril de 1974, derrubou a mais longa ditadura da Europa, o líder do partido de extrema-direita Chega, André Ventura, disse se orgulhar da história colonialista e escravagista do país. “Eu amo a história deste país”, afirmou, em discurso nesta quinta-feira (25/04), na Assembleia da República.

Ventura, que sistematicamente defende o massacre colonial de Portugal e o fato de o país ter traficado mais de 6 milhões de africanos, aproveitou a cerimônia do 25 de Abril para atacar o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que, na noite de terça-feira (23/04), em jantar com correspondentes estrangeiros, afirmou que chegou a hora de os portugueses assumirem os custos da colonização, da escravidão e do massacre de vários povos.

Exaltado, como se estivesse em uma live nas redes sociais, Ventura gritou: “O senhor presidente da República traiu os portugueses quando diz que temos de ser culpados e responsabilizados pela nossa história, que temos de indenizar outros países pela história que têm conosco”. Curiosamente, somente ele e a bancada do Chega não usavam, no peito, um cravo de simboliza a volta da democracia no país.

O extremista ainda disse que Rebelo de Sousa “tem de respeitar” os portugueses “antes de tudo”, porque foi “eleito pelos portugueses, não foi pelos guineenses, pelos brasileiros, pelos timorenses”. E acrescentou: “Pagar o quê? Pagar a quem? Se nós levamos mundos ao mundo inteiro. Se hoje, em todo o mundo, se elogia a pátria e o mundo da língua portuguesa”.

Segundo Ventura, ele não quer “prender ninguém, nem responsabilizar ninguém”. Ainda se dirigindo a Rebelo de Sousa, que se mostrava impávido aos ataques do radical, afirmou: “O senhor, presidente, também devia amar a história deste país”. Com discursos como esse, o líder do Chega tem estimulado a xenofobia e o racismo em Portugal. Não por acaso, os ataques a imigrantes têm sido cada vez mais constantes no país europeu.

Vicente Nunes