ROSANA HESSEL
A MB Associados elevou de 1% para 1,3% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano, em meio às surpresas positivas da atividade econômica, pois os dados estão divulgados estão acima das estimativas do mercado, em grande parte, devido ao bom desempenho do setor agrícola e da injeção de recursos do governo no novo Bolsa Família, que está pagando, em média, um valor recorde de R$ 672. A nova estimativa, entretanto, é mais modesta do que a nova previsão do governo, em torno de 1,8% e 2%, conforme antecipou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ontem.
Nesta sexta-feira (19/5), o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), conhecido como a prévia do PIB, apresentou queda de 0,15% em março, recuo menor que o 0,30% esperado pelo mercado, resultando em um crescimento de 2,41% no primeiro trimestre em relação ao anterior.
De acordo com Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o PIB do primeiro trimestre, que será divulgado dia 1º de junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “deve surpreender positivamente, com alta de 1,2%”. A previsão anterior era de crescimento de apenas 0,5% após a queda de 0,2% no último trimestre de 2022.
“Com isso, mesmo considerando números mais fracos para o resto do ano, o resultado de 2023 também deve se melhor do que se imaginava, saindo do esperado 1% para 1,3% agora, porque ainda há resquícios do pós-pandemia, que se vê em serviços, que devem manter uma expansão forte no interanual, com alta de 2,8%. Mas o carro-chefe, certamente, será a agropecuária, com alta de 8,3% no trimestre e pouco mais de 6% na comparação com o quarto trimestre de 2022”, destacou Vale
Na avaliação do economista, a dúvida que fica é se esse número forte do primeiro trimestre conseguirá se manter ao longo do ano. “Sendo verdade que o agronegócio seguirá puxando o resultado para cima, as variáveis de ajuste a acompanhar são serviços e a indústria, especialmente esta, que se recente de um mundo e de um país com demanda mais fraca. O custo de crédito e as recentes dificuldades pós-Americanas colocam dúvidas para os setores industriais e de serviços”, pontuou o economista em relatório enviado aos clientes com as projeções revisadas após os dados do IBC-Br”, assinalou.
O analista da MB manteve a previsão de alta de 2% no PIB de 2024 e, apesar de o cenário externo ser mais desafiador neste ano, ele acredita que, no próximo, as tendências são mais promissoras. “A economia americana segue em compasso de espera pela queda do núcleo da inflação, que continua resistente ao redor de 5,5%. Mas, considerando os impacto acumulados da alta da taxa básica de juros, que está em 5,25% ao ano, a atividade deverá seguir o curso de desaceleração lenta que se vê”, explicou.
Para ele, pode ser que, pela primeira vez desde os anos 1990, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) consiga emplacar um soft landing, algo extremamente raro de se ver, mas, desta vez, causado também por uma taxa de juros real que não está tão restritiva quanto em outros momentos do passado. “Mais do que nunca, o Fed está seguindo o objetivo dual de conter a inflação e manter o pleno emprego, algo difícil de se obter conjuntamente sem causar uma recessão”, afirmou.