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Itaú Unibanco piora projeções para o Brasil e prevê país crescendo menos que vizinhos

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

O agravamento da covid-19 no Brasil e a falta de leitos para os contaminados pela pandemia está elevando a necessidade de distanciamento social enquanto o programa de vacinação, apesar do anúncio do governo comprando mais imunizantes, deve levar alguns meses para impactar a dinâmica da pandemia, de acordo com os economistas do Itaú Unibanco, maior banco privado do país. 

A equipe chefiada pelo economista Mario Mesquita acaba de revisar, para pior, o cenário macroeconômico para o Brasil, reduzindo de 4% para 3,8% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano, conforme comunicado divulgado nesta sexta-feira (12/03). Também baixou de 2,5% para 1,8% a estimativa de crescimento do PIB em 2022.  Ambas as taxas são as menores entre os países vizinhos e estão abaixo da média global e da América Latina.

 

“A deterioração das condições financeiras resultante do aumento do risco fiscal reduz a perspectiva de crescimento adiante. A despeito do aumento do isolamento social, o impacto é menor em 2021 do que em 2022, em consequência do crescimento global robusto e do impulso vindo da vacinação este ano”, destacou o documento do banco.

 

O Itaú Unibanco ainda elevou de 3,8% para 4,7% a previsão de inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano e projeta carestia de 3,6% em 2022 em vez de 3,3%, “devido à inércia” da alta dos preços. As novas projeções para o IPCA estão acima do centro da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 3,75%, neste ano, e de 3,50%, no ano que vem.  

 

Por conta desse cenário nada animador para o Banco Central, crescem as apostas de alta da Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana que vem, o que não deverá ajudar na retomada da atividade econômica, um desafio a mais para o atual governo administrar. 

 

A previsão da equipe de Mesquita é de alta de 0,50 ponto percentual na Selic na semana que vem, para 2,5% ao ano, “mas acelerando ao longo do ano”. O banco projeta Selic chegando a 5,5% anuais em dezembro.  O Itaú ainda projeta que o real continuará desvalorizado, pressionando a inflação, com o dólar acima de R$ 5,30, encerrando 2021, a R$ 5,30, passando para R$ 5,5, em 2022.

 

 

Cenário externo melhor

 

 

Enquanto o cenário para o Brasil piora, as projeções do Itaú para o cenário externo mostram que as economias global e da América Latina devem registrar um desempenho bem melhor do que o do PIB brasileiro. 

 

O Itaú manteve em 6,9% e em 4,3% as projeções de expansão do PIB global, neste ano e no próximo, conforme outro relatório do banco também divulgado hoje e que aposta na China crescendo 8,5% neste ano.  O banco prevê que o ritmo de vacinação na Europa vai recuperar o atraso na segunda metade do ano e, por conta disso, espera expansão do PIB europeu de 4,5%, em 2021 e 4,2%, em 2022.

 

As estimativas do Itaú para o avanço do PIB da América Latina em 2021 também foram mantidas, em 5%, mas, para 2022, foram reduzidas de 2,5% para 2,2%. Nesse cenário, o Brasil é o país que deve registrar o menor crescimento em 2021 e em 2022 entre os países vizinhos. A Argentina, por exemplo, teve a projeção do PIB deste ano reduzida de 6% para 5%, e, para 2022, a taxa de 2,5% foi mantida.