Saúde Brasileiros são maioria entre profissionais estrangeiros na área da saúde em Portugal. Foto: JEFF PACHOUD/ AFP

Brasil pode ter entre 60 mil e 100 mil novas mortes pela covid até o fim de maio

Publicado em Economia

Na ponta do lápis, matemáticos e epidemiologistas dizem que, mantido o atual ritmo de mortes no país pela covid-19 — há três dias, os óbitos passam de 2 mil —, até o fim de maio o país contabilizará entre 60 mil e 100 mil novas mortes. Será um desastre, como define um integrante do Hospital Sírio-Libanês.

 

Os últimos sete dias foram os mais letais desde que a pandemia de covid chegou ao Brasil: 12.335 vidas perdidas. Em todos os estados e no Distrito Federal, os sistemas de saúde público e privado já não dão conta de atender a todos os contaminados pelo novo coronavírus. É o que os especialistas chamam de colapso.

 

Mesmo que o governo acelere a vacinação, o que, neste momento, é improvável, ainda morrerá muita gente, dizem médicos que estão na linha de frente do combate à covid-19. Eles explicam que a imunização demora, no mínimo, 28 dias. Portanto, contaremos muitas mortes e infectados, sem que os hospitais tenham condições de atender todo mundo.

 

Mais casos que na Índia

 

Com a disparada dos casos, o Brasil superou a Índia, segundo país mais populoso do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Apenas nas últimas 24 horas, foram 85.663 contaminados. No total, são mais de 11 milhões. O número de mortes passa dos 275 mil, sendo 2.216 entre quinta e sexta-feira.

 

Gestores de hospitais dizem ao Blog que nunca viram quadro tão dramático. Para eles, o país está pagando o alto preço dos equívocos cometidos pelo governo. Além de combater as medidas de isolamento social, não fez nenhum planejamento adequado para a vacinação. Agora, corre contra o prejuízo.

 

Os mesmos gestores dizem que os hospitais estão aumentando a oferta de leitos, mas a velocidade está muito aquém das necessidades, uma vez que o ritmo de infecções está acelerado demais e as pessoas internadas, sobretudo nas UTIs, estão ficando mais tempo nos hospitais — em média, 47% a mais do que na primeira onda da pandemia.

 

Portanto, que todos se preparem. O pior ainda está por vir, como destacou ao Correio o presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Breno Ribeiro.

 

Brasília, 21h01min