CBPILU100820151160PIB Foto: Kleber Sales/CB/D.A Press

Itaú mantém previsões para PIB, mas aumenta estimativa de rombo fiscal

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

Diante das expectativas de deterioração das contas públicas em virtude das expectativas de novas altas na taxa básica de juros (Selic), atualmente em 10,75% ao ano, além do esperado, para 12,50% até o fim do ano, o que terá efeito direto no endividamento público — sem falar na PEC dos Combustíveis, que deve ajudar a aumentar o rombo fiscal deste ano, se aprovada –, o banco Itaú Unibanco manteve as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB), apesar de alguns indicadores no fim de 2021 ficarem acima das estimativas, e ainda piorou as projeções de resultado primário do governo federal.

 

De acordo com relatório sobre a revisão de cenário do maior banco privado do país, o PIB vai passar de uma alta de 4,4%, em 2021, para um tombo de 0,5%, neste ano. E, em 2023, deverá crescer apenas 1%.  “O surto relacionado à variante ômicron deu sinais de estabilização em algumas cidades do Brasil, após significativa alta de casos e pressão moderada nos sistemas hospitalares. O risco do surgimento de novas variantes permanece e reforça a importância da aplicação de doses de reforço e da atualização da vacina para lidar com as mutações do vírus”, destacou o documento que fez um alerta para a piora no quadro fiscal.

 

“A sustentabilidade fiscal continua sendo um importante desafio. Pioramos nossas estimativas de déficit primário para 1,0% do PIB, em 2022, (de 0,8% anteriormente) e 1,3% do PIB, em 2023, (1,1%, anteriormente). Esperamos que a dívida bruta alcance 84% e 87% do PIB em 2022 e 2023, respectivamente”, escreveram os economistas chefiados por Mario Mesquista.

 

Os economistas do Itaú revisaram de 5,5% para 5,3% a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), “Incorporamos maior inflação de alimentos, seguindo a revisão no cenário de commodities agrícolas, e serviços. Por outro lado, dada a melhora hidrológica, revisamos o cenário de bandeira tarifária no final do ano para amarela, de vermelha 1. Considerando a maior inércia deste ano, revisamos o IPCA 2023 para 3,5%, de 3,3%”, acrescentou o texto.

 

E, apesar da recente desvalorização do real, o banco manteve a previsão para a taxa de câmbio no fim do ano, de R$ 5,50 por dólar, e, de R$ 5,75 por dólar no fim de 2023. “Entendemos que, mesmo com juros mais altos, um movimento mais expressivo de apreciação dependeria da diminuição das incertezas externas e domésticas”, destacou.

 

Diante da sinalização do Banco Central de que deverá fazer novos ajustes para cima na taxa Selic, “em território significativamente contracionista”, a instituição manteve as estimativas de alta de 1 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de março, e passou a esperar mais dois movimentos de alta adicionais, sendo de 0,5 ponto, em maio, e de 0,25 ponto, em junho. Com isso, o ciclo de aperto monetário, iniciado em março de 2021, deverá encerrar com os juros básicos em 12,50% anuais, “patamar que deve se manter até o final do ano”, de acordo com a nota do Itaú.