Guedes sinalizou que pode deixar o cargo se Congresso esvaziar reforma

Publicado em Economia

HAMILTON FERRARI

O ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou que pode deixar o cargo se o Congresso Nacional desidratar a reforma da Previdência de forma demasiada. Isso porque ele garantiu que uma economia de R$ 500 bilhões em 10 anos não é suficiente para permitir a mudança de regimes de repartição para o de capitalização.

 

A declaração ocorreu durante a cerimônia de posse do novo presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que assumiu o cargo no lugar de Ilan Goldfajn. Guedes falou por mais tempo que os dois juntos. Mesmo que em tom de brincadeira, o discurso gerou burburinho na platéia de economistas.
Guedes comparou a situação atual como um avião que vai sem combustível para o oceano. Enquanto a geração atual pula de paraquedas, os filhos e netos ficam na aeronave e vão para o “inferno”.

 

O ministro tem dito aos parlamentares que, se não aprovar, a derrota não será da equipe econômica, mas, sim, das futuras gerações. “Vocês vão derrotar seus filhos e netos. A geração contemporânea tem essa responsabilidade. Estamos num sistema (previdenciário) de repartição que quebrou. Faliu. Antes da população envelhecer. Vocês querem trazer seus filhos para isso?”, afirmou.

 

E exemplificou: “Quer dizer: seu filho entra no mesmo voo condenado, indo para alto mar sem combustível. O seu paraquedas você segura e ele vai para o inferno. É isso o que essa geração quer fazer? Ou essa geração tem a coragem de pagar o custo de R$ 1 trilhão”, afirmou Guedes.

 

Por fim, sinalizou que não faz sentido ficar no cargo se não houver o compromisso fiscal da classe política. “Se der acima de R$ 1 trilhão, eu digo que estamos numa geração de pessoas responsáveis e tem a coragem de assumir o compromisso de libertar filhos e netos de uma maldição previdenciária. Se botarem menos, eu vou dizer assim: eu vou sair daqui rápido, porque esse pessoal não é confiável. Não ajudam nem os filhos, então o que será que vão fazer comigo?”, afirmou o ministro.

 

Brasília, 18h36min