Não contente em destruir o presente, empurrando milhões de brasileiros para o desemprego, a presidente Dilma Rousseff comprometeu o futuro do país. Levará anos para que o Brasil consiga se reerguer, diante do estrago que se vê na economia. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, que recuou 4,5% ante o mesmo período de 2014, é resultado das escolhas equivocadas da petista. Dilma já construiu o lugar dela na história: o de pior presidente desde a redemocratização do país. Não há nada que ela possa fazer para se livrar desse título cruel — e merecido.
As projeções apontam para retração de 3,8% em 2015. Caso esse número se confirme, Dilma conseguirá o feito de, em apenas um ano, repetir o que Fernando Collor realizou em três. Entre 1990, quando confiscou a caderneta de poupança, e 1992, ano em que foi defenestrado do poder por corrupção, o então Caçador de Marajás contraiu a economia em exatos 3,8%. A petista, porém, colecioná retração de pelo menos 2,5% em 2016 e já há economistas falando em tombo de até 0,5% em 2017. É difícil que alguém, em sã consciência, produza resultados tão ruins.
A destruição da economia foi lenta, mas profunda. Quando Dilma assumiu o mandato, em 2011, o Brasil crescia a uma taxa de 7,6%. Era irreal, baseada em incentivos insustentáveis ao consumo. Esperava-se que a técnica vendida pelo marketing político como competente pusesse um freio nos exageros. Mas ela preferiu seguir à risca a cartilha do PT. Continou distribuindo dinheiro para pobres e ricos, por meio de vários subsídios, como se o Tesouro Nacional fosse uma fábrica de impressão de moedas. Ao mesmo tempo em que executava o populismo descarado, dava vida à tal nova matriz econômica.
Aos poucos, a petista foi trazendo a inflação de volta. Obcecada por levar os juros reais para 2% ao ano, obrigou o Banco Central a reduzir a taxa básica (Selic) para o nível mais baixo da história, apesar de o custo de vida estar flertando com o limite de tolerância, de 6,5%, fixado pelo próprio governo. Fez isso, convencida de que, com um pouco mais de inflação, o crescimento, que começava a fraquejar, seria impulsionado. Não passava pela cabeça da presidente apresentar números piores do PIB que os ostentado pelo tucano Fernando Henrique Cardoso.
Tática da enganação
A despeito de todos os alertas disparados por economistas, inclusive do próprio governo, Dilma pisou no acelerador. O arrocho que ela tinha dado nas contas públicas nos primeiros seis meses de sua gestão — visto como um sinal de compromisso com a estabilidade — rapidamente se transfornou em farra fiscal. Os gastos cresceram de tal forma, que, para não chamar tanta a atenção, o Tesouro passou a recorrer a manobras, a pedaladas, a maquiagens, a todo tipo de artifício para mostrar uma saúde que as contas não tinham.
Já de olho na reeleição, a petista rasgou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e adotou a tática da enganação para conquistar mais quatro anos no Palácio do Planalto. Determinou à Petrobras que segurasse os preços dos combustíveis, o que destruiu o caixa da estatal, que já estava sendo surrupiado pela corrupção. Interveio no setor elétrico, obrigando que as contas de luz fossem reduzida em 20%, em média. Esse intervencionismo destruiu o que ainda restava de confiança entre o empresariado, que suspendeu os investimentos que o país tanto precisa para crescer.
Conquistada a reeleição, Dilma tratou de empurrar para a população a fatura dos erros que ela havia cometido. Os preços dos combustíveis e da energia elétrica dispararam. O BC pesou a mão sobre os juros, encarecendo o crédito, mas a inflação continuou subindo, já passa de 10%. As demissões se aceleraram, a ponto de, nos últimos 12 meses, mais de 1,3 milhão de vagas com carteira assinada terem sido fechadas. Não foi só. Há seis trimestres consecutivos, o PIB está em queda quando comparado com o mesmo período do ano anterior.
Falsa esperança
Pródiga em criar falsas esperanças, a presidente anunciou a equipe econômica do segundo mandato, chefiada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, como um sinal de volta da responsabilidade fiscal. Empossado, o ministro prometeu que, em seis meses, o ajuste estaria concluído e o país, crescendo. O ajuste não saiu do papel — sequer há meta fiscal para este ano aprovada pelo Congresso — e, em vez, de avançar, o PIB só afunda. Entre julho e setembro, a recessão se disseminou por todos os setores. O quarto trimestre será de nova queda na atividade.
Mesmo diante de números tão ruins e de desesperança, Dilma optou pelo silêncio. Não podia ser diferente. Nada do que ela diga será capaz de mudar a triste história do Brasil. Por qualquer lado que se olhe, o sentimento é um só: revolta. Acreditou-se que o país tinha futuro. Mas parte dele foi confiscado pela incompetência da petista e pelos corruptos que insistem na percepção de que ainda estão protegidos pela impunidade. Será dolorido sair do atoleiro. O Brasil, porém, é mais forte.
Brasília, 09h30min