Entidades patronais elogiam BC e dizem que corte nos juros foi “acertado”

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ROSANA HESSEL

Entidades do setor privado elogiaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, em reduzir a Selic pela quarta vez no ano. A taxa básica da economia passou de 5% para 4,5% ao ano, um novo piso histórico.

A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), considerou a decisão do Copom de cortar “acertada”, uma vez que a inflação está dentro da meta “e continuará ancorada nos próximos anos”. “O nível de atividade continua fraco e o desemprego alto, portanto, a diminuição da Selic pelo Banco Central para 4,5% ao ano foi a melhor decisão a ser tomada nesse momento”, afirmou Marcel Solimeo, economista da ACSP, em comunicado da entidade.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, também elogiou a decisão do Copom, porque reduz o custo da dívida pública, mantém o Brasil no caminho de uma taxa compatível com as práticas internacionais e tem potencial para afetar toda a estrutura de juros no sistema financeiro nacional.

“É necessário avançar com mais celeridade na microeconomia das taxas de juros para promover a redução do spread (bancário) e do custo de capital para as empresas”, afirmou Robson Braga de Andrade, em nota da entidade. Segundo ele, a expectativa de inflação futura também é positiva. “Os avanços significativos da agenda de políticas públicas e medidas visando a estabilidade macroeconômica do país, principalmente no campo fiscal, permitem a manutenção da Selic em patamares reduzidos”, completou.

Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, a decisão do BC “representa a maior mudança estrutural na economia desde o controle da inflação”. “Com essa nova redução, pela primeira vez após décadas de juros altíssimos, iniciaremos 2020 com um cenário de taxas baixas e previsão de que permaneçam assim por um longo período”, destacou. Contudo, ele ressaltou que é importante que os bancos também façam a parte deles, reduzindo os juros aos tomadores de crédito.

“O Banco Central precisa acelerar a agenda de mudanças, como open baking, fomento às fintechs e outros estímulos ao uso de instrumentos do mercado de capitais para financiamentos diretos aos tomadores finais”, declarou. Para Skaf, se a concorrência bancária aumentar e houver um efetivo corte de juros para o consumidor, o país tem “potencial de crescer em torno de 3% em 2020”.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Valente Pimentel, também avaliou a decisão do Copom como “muito positiva”, podendo estimular a economia real se houver um repasse maior dessa redução dos juros para a concessão de crédito. Ele lembrou que, os juros estão caindo em uma velocidade “aquém do desejável” para os tomadores, em especial no tocante ao spread bancário. “A direção da agenda do Banco Central é correta. Tão logo os juros na ponta do crédito caiam a níveis razoáveis, os investimentos virão com mais força”, ressaltou.

Vicente Nunes