Correio Econômico: Lição para os populistas

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ANTONIO TEMÓTEO

Os candidatos que pretendem ignorar os problemas das contas públicas brasileiras durante as eleições de outubro devem fazer um estágio na Venezuela. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que a inflação no país deve atingir inacreditável 1.000.000% em 2018, diante da mais grave crise econômica da história.

Deixar de lado o ajuste fiscal é assinar um contrato em branco com a única certeza de que a correção dos problemas virá com mais desemprego, recessão, descontrole de preços e desabastecimento. Essa é a realidade venezuelana e poderia ser a do Brasil caso a presidente Dilma Rousseff não fosse afastada do governo pelo Congresso Nacional.

Não há espaço para populismo. O próximo presidente terá um desafio hercúleo de fazer uma reforma da Previdência que acabe com privilégios de servidores e militares, de simplificar o sistema tributário brasileiro, de aprovar medidas para tornar o sistema financeiro mais competitivo, com taxas de juros civilizadas, além de enfrentar problemas crônicos, como a violência e o baixo nível de educação.

O espaço para o corporativismo, para o fisiologismo político e para a corrupção acabou. O brasileiro não aguenta mais ser achincalhado por políticos, empresários e trabalhadores interessados apenas em manter os próprios privilégios. Os diagnósticos para os problemas já existem e parte da solução para o problema passa pela decisão individual de cada brasileiro.

Mais do que nunca, o resultado das urnas em outubro sinalizará se caminharemos para nos tornarmos uma Venezuela ou uma nação desenvolvida. E não me refiro apenas à escolha do próximo presidente. Mas a de deputados federais, deputados estaduais, deputados distritais e senadores. Cabe ao Legislativo aprovar as leis e as mudanças constitucionais que garantirão às gerações futuras a chance de viver em um país melhor.

Além disso, esses mesmos parlamentares serão responsáveis por fiscalizar os trabalhos do Executivo e por defender os interesses do povo. Os que estão atualmente no Congresso estão mais preocupados em aumentar os salários e garantir a volta das indicações políticas para as estatais.

Parte desses problemas é fruto da falta de responsabilidade dos eleitores, que depositaram os votos nos candidatos e se esqueceram de cobrar o melhor para o país. Mesmo que as circunstâncias apontem para um baixo índice de renovação do Congresso, aqueles que fizerem o dever de casa de votar em prol da nação, e não de olho em interesses particulares, contribuirão para que o Brasil se torne um país menos desigual, mais seguro, e que ofereça à população as mínimas condições para trabalhar e viver. Sem reformas e ajustes não haverá empregos, programas sociais, salários para servidores e aposentadorias.

O espaço para o populismo ficou no passado. O que precisa ser feito é de conhecimento de todos. Resta saber se o povo escolherá colocar o país nos trilhos do crescimento ou nos do atraso. Isso ficará claro em outubro.

Brasília, 06h33min

Vicente Nunes