Com resultado do PIB, Brasil perde sete posições no ranking global

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ROSANA HESSEL

A alta de 1,2% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2021 na margem, ou seja, em relação aos três meses anteriores, descontados os efeitos sazonais,  conforme dados divulgados nesta sexta-feira (01/06) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) colocou o Brasil na 19ª colocação em um ranking de 53 economias analisadas pela Austin Rating. Esse resultado fez o país descer sete posições em relação ao ranking do quatro trimestre de 2020, quando o país ficou na 12ª colocação.

O ranking global tem a Croácia na liderança, com expansão do PIB de 5,8%. Hong Kong, em segundo lugar, apresentou crescimento de 5,4%. O país latino-americano melhor posicionado foi o Chile, na 4ª colocação, com expansão de 3,2%. A taxa média do ranking ficou em 0,4%.

O economista-chefe da Austin, Alex Agostini, o dado do PIB do primeiro trimestre de 2021 foi melhor do que a mediana do mercado, de 0,7%, mas ficou abaixo da expansão de 2,12% estimada pela Austin, uma das mais otimistas do mercado. Logo, segundo ele, o dado não deve ser comemorado com muito entusiasmo, apesar de ser positivo.

Agostini prevê crescimento de 3,3% no PIB de 2021 e de 3% em 2022 e não alterou as projeções por conta do resultado de hoje. “Apesar de indicar um potencial maior de crescimento para 2021, por ora, optamos em preservar nossas projeções em virtude de muitas incertezas em relação à retomada. Uma delas, segundo ele, está relacionada ao processo de aperto monetário, inclusive, com possível maior dosagem nas doses de alta da Selic (taxa básica da economia) nas próximas reuniões do Banco Central diante das pressões inflacionárias mais fortes”, disse. O economista ainda citou a crise hídrica, o processo lento de vacinação contra covid-19 no país, o aumento dos custos de produção, com destaque para as altas recordes dos preços das commodities, o cenário fiscal ainda fragilizado;  e a redução dos estímulos monetários nas economias desenvolvidas,  como fatores de riscos a serem considerados para um crescimento mais robusto do PIB.

“Acho muito difícil para o PIB deste ano conseguir crescer 4%. A indústria se recuperou, a agricultura continua salvando o PIB do trimestre, mas o consumo das famílias veio muito fraco e representa, sozinho, dois terços do PIB. Isso é uma preocupação, porque, de um lado, estamos vendo a produção crescendo, mas não é por conta da demanda e sim para recompor os estoques. Só que, se o consumo permanecer fraco, já que as famílias estão muito endividadas, esse estoque poderá virar prejuízo mais à frente”, alertou.

Um dos motivos para que o consumo das famílias continue fraco ao longo do ano é a inflação, que não está dando trégua, de acordo com Agostini.  Pelas estimativas da Austin, o indicador oficial do custo de vida vai estourar o teto da meta, de 5,25% ao ano para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ele lembro que, no primeiro trimestre, o consumo das famílias encolheu 0,1% na margem devido à queda no rendimento da população e do poder de compra em meio ao desemprego recorde. “Estamos prevendo 5,34%, mas como as pressões inflacionárias não estão dando trégua, ainda mais com o risco de apagão no radar, não podemos descartar a possibilidade de o IPCA encerrar o ano em torno de 6%”, afirmou.

Agostini lembra que, considerando os valores do PIB nominal em dólar, o Brasil já não ocupa mais a lista das 10 maiores economias globais. No ano passado, ficou em 12º lugar e, se depender do desempenho estimado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) previsto para este ano, de 3,6%, que e melhor do que o previsto pela Austin, o país vai perder mais uma posição, passando para a 13ª colocação.

Vicente Nunes