ROSANA HESSEL
O Tesouro Nacional está pagando prêmio de risco cada vez mais caro para os títulos públicos, como reflexo do aumento da desconfiança dos credores no governo e na economia em meio ao agravamento da pandemia. No leilão desta terça-feira (30/3) dos papéis indexados à inflação, as NTN-B, o órgão pagou taxas adicionais ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de até 24,5% acima do valor negociado há duas semanas para os mesmos vencimentos.
Investidores cobram prêmios de risco cada vez mais caros para comprar títulos do Tesouro devido à desconfiança crescente diante dos erros do governo que tem refletido na curva de juros futuros, que está inclinada, mostrava nos últimos dias uma taxa básica de juros (Selic) de 9% no fim de 2022.
A oferta de NTN-B de hoje foi de 2 milhões de unidades do papel com três datas de validade. Os lotes teve boa demanda, pois foram totalmente vendidos, resultando em uma receita de R$ 7,986 bilhões para os cofres do Tesouro.
O primeiro lote, de 1 milhão unidades de NTN-B com vencimento em 15 de agosto de 2024, gerou R$ 3,840 bilhões para o caixa do Tesouro. O órgão pagou 3,124% ao ano mais o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que está em escalada, devendo encerrar o ano em 5% pelas projeções atualizadas do Banco Central. No último leilão desse papel, o prêmio exigido pelo mercado estava em 2,510% anuais acima do IPCA. Isso reflete aumento de 0,614 ponto percentual, ou 24,5%, na taxa extra em duas semanas
O segundo lote, de 500 mil unidades desse título pós-fixado com vencimento de 15 de agosto de 2028, também foi vendido integralmente, gerando R$ 1,993 bilhão. A taxa adicional ao IPCA foi de 3,889% ao ano, 13,1% acima (ou 0,451 ponto percentual) dos 3,438% negociados no último dia 16 para o mesmo papel.
E, por último, o lote de 500 mil unidades de NTN-B com validade até 15 de agosto de 2040, arrecadou R$ 2,151 bilhões. A taxa negociada acima do IPCA ficou em 4,280% ao ano, ficou 6,8% (ou 0,272 ponto percentual) acima do valor negociado há duas semanas, de 4,008%.