BCE eleva taxa de juros pela primeira vez desde 2011

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ROSANA HESSEL

A inflação global está atingindo patamares históricos e fazendo os banco centrais aumentarem os juros pelo planeta. Nesta quinta-feira (21/7), foi a vez do Banco Central Europeu (BCE) elevar a taxa básica pela primeira vez desde 2011, apesar da sinalização de uma recessão no Velho Continente devido à guerra na Ucrânia.

A decisão do BC foi por uma alta de 0,50 ponto percentual para fazer frente à escalada dos preços nos países da União Europeia que compartilham o euro. A taxa de juros da Zona do Euro estava negativa de 0,5% e, com esse aumento dos juros, a moeda europeia, que havia perdido a paridade com o dólar voltou a subir frente à divisa norte-americana.

Ao justificar o aumento dos juros, a presidente do BCE, Christine Lagarde, disse que o conselho de governadores do BCE considerou “apropriado” fazer um aumento dos juros superior ao que tinha sido sinalizado, porque a inflação “vai continuar indesejavelmente alta durante algum tempo”.

Aliás, esse movimento de aumento dos juros nos países desenvolvidos tem reflexo negativo nas moedas dos países emergentes, como o Brasil que não possuem grau de investimento. A tendência é de que grandes investidores e fundos retirarem seus recursos e destinarem para os mercados considerados mais seguros, especialmente diante da expectativa de um aperto monetário mais forte nos Estados Unidos.

Com isso, analistas reconhecem que a tendência no Brasil é de muita volatilidade na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) e no câmbio. Não à toa, o Índice Bovespa (IBovespa) abriu o pregão de hoje com queda de 0,44%, a 97.856 pontos. Já o dólar caia 0,24% às 10h07 e era cotado a R$ 5,45.

Vale lembrar que, na semana que vem é a vez do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) aumentarem os juros novamente depois de registrar uma inflação de 9,1% no acumulado em 12 meses até junho — o maior patamar desde novembro de 1981. De acordo com a Oxford Economics, o Fomc, o comitê de política monetária norte-americano deverá elevar os juros básicos em 0,75 ponto percentual, apesar do aumento das apostas de uma alta de 100 pontos-base na próxima reunião.

“O Fomc continuará a aumentar agressivamente a taxa de fundos federais na reunião de política da próxima semana. Acreditamos que os dados econômicos recentes sobre o saldo suportam uma alta de 75 pontos-base, embora um aumento de 100 pontos possa ser considerado. O mercado de títulos atribui uma chance de 33% de uma alta de 100 pontos-base”, destacou o documento enviado aos clientes nesta quinta-feira, que prevê os juros norte-americanos chegando a algo entre  3,75% e 4% até o início de 2023.

Vicente Nunes