A estratégia do Banco Central é que, ao mesmo tempo em que mostrará seu poderio no câmbio, vai detalhar o que pretende fazer com os juros. A instituição criou muitos ruídos no mercado ao sinalizar, por meio de nota, que pode voltar a cortar juros em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) marcada para 18 de março, por causa dos efeitos do coronavírus na economia.
Na avaliação de especialistas, o BC está dando sinais trocados, contribuindo para aumentar o pânico no mercado. Ao indicar que vai cortar a taxa básica de juros (Selic), que está em 4,25% ao ano, o menor nível da história, estimula a alta do dólar. Ao mesmo tempo, intervém no câmbio para conter a valorização da moeda norte-americana.
Falta de juízo
Para analistas, o BC precisa dizer, claramente, o que quer. Se não melhorar sua comunicação com os agentes econômicos, só contribuirá para alimentar o nervosismo dos investidores. Segundo profissionais de mercado, Fernandes terá toda chance de esclarecer as dúvidas dos donos do dinheiro. Há uma forte defesa para que o BC acabe com qualquer possibilidade de baixar os juros.
O clima no mercado está péssimo. Os prejuízos acumulados desde a volta do feriado de carnaval são monstruosos. Para piorar, a desconfiança em relação à economia aumentou demasiadamente por conta da combinação explosiva dos efeitos do novo coronavírus com a falta de habilidade do governo para tocar projetos de interesse do país.
Apenas nesta semana, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), desabou 8,09%. No acumulado do ano, as perdas chegam a 15,26%. O dólar, por sua vez, subiu 3,42% na semana e 15,58% no mês. Como diz um executivo do mercado, o “BC precisa tomar juízo, pois, no restante do governo, já não se vê isso há muito tempo”.
Brasília, 19h05min