O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) em 2% ao ano, o nível mais baixo da história, mas deixou claro, no comunicado pós-reunião desta quarta-feira, que está pronto para mudar sua posição se a inflação, que está em disparada, não der trégua.
Segundo o BC, desde que adotou o seu forward guidance, observou uma reversão na tendência de queda das expectativas de inflação em relação às metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Quer dizer, os agentes de mercado passaram a projetar índices de inflação mais altos para os próximos anos.
Em 2020, por exemplo, a expectativa é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) crave alta de 4,4%, acima, portanto, do objetivo de 4% perseguido pelo BC. Em 2021, o centro da meta foi fixado em 3,75%, caindo sistematicamente ano após ano. Portanto, não será uma taxa de juros de 2% que manterá a inflação dentro da meta.
O Copom ressalta ainda, no comunicado pós-reunião, que, brevemente, o ano de 2021 perderá relevância para a definição de política monetária, passando 2022 a guiar as decisões sobre a Selic. E, para 2022, ano de eleições, as expectativas de inflação estão próximas do centro da meta, de 3,5%.
Sendo assim, diz o BC, “a manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas”. E acrescenta: “No cenário de retirada do forward guidance, a condução da política monetária seguirá o receituário do regime de metas para a inflação, baseado na análise da inflação prospectiva e de seu balanço de riscos”.
Para o Banco Central, no entanto, neste momento, é adequado “o atual nível extraordinariamente elevado de estímulo monetário que vem sendo produzido pela manutenção da taxa básica de juros em 2% ao ano e pelo forward guidance. O BC ressalta, também, que, por ora, não pretende reduzir o grau de estímulo monetário, desde que determinadas condições sejam satisfeitas.
“Copom avalia que essas condições seguem satisfeitas. Apesar da elevação desde a última reunião, em particular para o ano de 2021, as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, permanecem abaixo da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária; o regime fiscal não foi alterado; e as expectativas de inflação de longo prazo permanecem ancoradas.”
Brasília, 18h45min