As três perguntas que não querem calar

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A equipe econômica está inquieta sobre os rumos do país. Apesar de compreender que o tempo político é muito diferente do que o tempo que todos desejam,  três perguntas andam dominando o debate no Ministério da Fazenda: quando o Brasil voltará a crescer, quanto o país quer crescer e qual será o crescimento efetivo do Produto Interno Bruto (PIB).

 

Os questionamentos têm a ver com as medidas que o Congresso precisa aprovar para resgatar a confiança dos agentes econômicos. O mais importante dos projetos à espera de votação é o que limita o aumento dos gastos à inflação do ano anterior. Apesar de os ganhos relativos à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) terem sido alardeados com vigor pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirrelles, nenhum sinal efetivo foi emitido pelos paramentardes quanto à aprovação do teto para as despesas.

 

A equipe de Meirelles admite que, enquanto a resposta do Congresso não vier, não adianta esperar uma reação mais forte da atividade. O ministro tem usado muitos de seus discursos públicos para espalhar um sentimento positivo em relação à economia, mas esse movimento tem pouco efeito prático. Pode até estimular uma sensação de esperança para a retomada da confiança, mas as amarras continuam presentes. O nó fiscal impede ações efetivas, como a queda da taxa básica de juros (Selic), que está em 14,25% há um ano.

 

Para os técnicos da equipe chefiada por Meirelles, chegou a hora de o Brasil virar o disco, sair do discurso da crise e voltar a falar em crescimento econômico. Mas eles reconhecem que o governo e, sobretudo, o Congresso precisam dar suas cotas de contribuição. Até agora, as promessas têm sido maiores do que fatos concretos. Por isso, está tão difícil responder as três perguntas que não querem calar.

 

Supondo que o Congresso não responda na velocidade que se espera, será possível traçar o diagnóstico do país sem medo de errar. A economia patinará, com crescimento minguado, insuficiente para reverter o desemprego que atinge 11,4 milhões de pessoas e para elevar a renda, que vem desabando. O governo, destacam auxiliares de Meirelles, não pode se contentar com o quadro desolador que prevalece hoje. Há uma enorme insatisfação popular com tudo o que se está vendo no país — roubalheira, corrupção, violência excessiva e falta de perspectivas. E isso, com certeza, não é bom para quem quer se manter no poder.

 

Brasília, 22h48min