CBPILU100820151160PIB Foto: Kleber Sales/CB/D.A Press

Apesar da melhora nas projeções de 2022, Brasil continua crescendo menos do que o resto do mundo

Publicado em Economia

ROSANA HESSEL

 

O Itaú Unibanco revisou, recentemente, a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2022, de 1,6% para 2%, mas o dado não é muito animador, porque o país segue crescendo menos do que seus pares e o resto do mundo além de desacelerar para apenas 0,2% em 2023, conforme as estimativas da instituição financeira.

 

O maior banco privado do país reduziu de 3,6% para 2,9% a estimativa de crescimento global e de 3,5% para 2% a perspectiva de alta do PIB dos Estados Unidos. As projeções para o avanço PIB da Zona do Euro passaram de 4% para 2,5%. Já a projeção do banco para a expansão da China neste ano, foi revisado de 5% para 4,2%.

 

Logo, mesmo com revisões apontando desaceleração global, o Brasil não consegue ter uma expansão robusta quando é comparado com os demais países, inclusive, vizinhos. “Infelizmente, é um ponto crônico (do país). O Brasil cresce menos  do que o mundo desde a década de 1980 e não conseguimos romper essa situação”, lamentou Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira (12/7).

 

Na avaliação do analista, o Brasil esse baixo crescimento é reflexo da falta de abertura comercial do país, que não conseguiu aproveitar os efeitos da globalização, porque a economia brasileira não conseguiu se engajar nas cadeias produtivas globais. Agora, com o refluxo da globalização, não há uma certeza de que o país conseguirá aproveitar esse movimento também que está em curso. “O Brasil continua crescendo abaixo do que o mundo, porque os problemas são muito mais micro — devido às reformas de marcos regulatórios — do que macroeconômicos”, destacou.

 

Na avaliação de Mesquita, um dos principais problemas do próximo governo, seja ele qual for, será a questão fiscal, pois será preciso recuperar a deterioração em curso do arcabouço fiscal, pois reconhece que o teto de gastos — a âncora fiscal que restou mal se sustenta em pé diante dos ataques recentemente sofridos, especialmente, agora, com a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 1/2022, conhecida como PEC Eleitoreira ou Kamikaze, entre os vários nomes que recebeu.

 

Pelas novas projeções do banco, a dívida pública bruta em relação ao PIB deverá voltar a subir em 2023, passando de 79,4%, neste ano, para 83,5%, em grande parte, devido aos estímulos fiscais, sejam tributários já adotados, sejam benefícios na PEC que podem ser mantidos no ano que vem.

 

Mario Mesquita ainda acredita que mudanças nas regras, com uma nova gestão, podem ser positivas, se elas garantirem maior previsibilidade, como ocorre no Uruguai — que tem regras fiscais transparentes e um orçamento plurianual. “O mercado precisa de previsibilidade sobre o arcabouço fiscal brasileiro e esse vai ser um tema importante para o próximo governo. Quem quer que assuma o cargo de Ministro da Economia vai ter que lidar com essas questões. Acho que é isso que o mercado espera”, disse.