Croqui de cadeira do Cine Brasília
CBNFOT280620170150 Crédito: Instituto Sérgio Rodrigues/Divulgação. Croqui de Sérgio Rodrigues para poltrona do Cine Brasília com assinatura do autor Crédito: Instituto Sérgio Rodrigues/Divulgação. Croqui de Sérgio Rodrigues para poltrona do Cine Brasília com assinatura do autor

As cadeiras modernistas do Cine Brasília

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Entrevistas e croquis atestam que as poltronas da sala de exibição são mesmo de autoria de Sérgio Rodrigues

Croqui de cadeira do Cine Brasília
Crédito: Instituto Sérgio Rodrigues/Divulgação.
Croqui de Sérgio Rodrigues para poltrona do Cine Brasília com assinatura do autor

 

 

 

Na semana passada, em debate nas redes sociais, a autoria das cadeiras do Cine Brasília, de Sérgio Rodrigues (1927-2014), foi questionada. Elas foram retiradas e substituídas por novas poltronas em reforma realizada durante o governo de Agnelo Queiroz, em 2014. Na ocasião, as cadeiras de Sérgio Rodrigues foram transferidas para o depósito do Teatro Nacional Claudio Santoro, que está interditado.

 

Em duas entrevistas, uma concedida ao portal Moveleiro, e outra publicada no livro 50 anos de arquitetura (Ed. Senac), o próprio Sérgio Rodrigues confirma ser o autor das cadeiras modernistas: “Colaborei, a convite, com outras obras de Oscar: poltronas para o Cine Brasília, poltronas especiais para os três auditórios do Teatro de Brasília, estudo para a residência do vice-presidente, entre outros”, disse Sérgio Rodrigues no Portal O Moveleiro.

 

A informação é reiterada em entrevista concedida a Jean Bergerot, publicada no livro Arquitetura 50 anos (Ed. Senac): “Por volta de 1966, a convite do Oscar e do ministro, fiz variações da mesa, chamei-a de Itamaraty para os ministros, e fiz uma linha de móveis completa com poltronas, cadeiras e linha para recepção. Enfim, fiz todos os móveis do Ministério das Relações Exteriores e algumas peças, ao lado de outros arquitetos, para outros ambientes do palácio. Fiz também, a convite do Oscar, as poltronas das três plateias do Teatro Nacional e do Cine Brasília”.

 

O Instituto Sérgio Rodrigues confirma que ele é autor das cadeiras do Cine Brasília. A instituição forneceu ao Correio os croquis das poltronas assinadas pelo próprio Sérgio Rodrigues. Renata Aragão, diretora-executiva do instituto, informa que planta de execução do projeto certifica a autoria do designer: “Não podemos divulgar porque é um segredo de construção. Mas, se for necessário, esse documento é comprova a autoria de Sérgio Rodrigues”.

 

Segundo Renata, ainda não existe um estudo sistematizado sobre as obras de Rodrigues em Brasília. Mas é certo que ele fez obras para o Palácio do Planalto, para o Palácio do Itamaraty e para a Universidade de Brasília: “Com o Itamaraty, nós temos um acordo de cooperação e estamos encaminhando uma parceria com a UnB”, informa Renata.

 

 

Credito: Reprodução. Sergio Rodrigues, desing.
Credito: Reprodução. Sergio Rodrigues, design.

“Fiz também, a convite do Oscar, as poltronas das três plateias do Teatro Nacional e do Cine Brasília”

Sérgio Rodrigues, em entrevista

 

Comparação

Em face da polêmica sobre as cadeiras do Cine Brasília, o secretário de Cultura, Guilherme Reis, requisitou uma cadeira depositada no Teatro Nacional e solicitou à equipe responsável pelo patrimônio um estudo técnico para avaliar a viabilidade de reforma ou mesmo de reposição das poltronas: “Eu tenho prioridades gigantes e equipe micro”, comenta Guilherme. “Não há comparação das cadeiras em termos de conforto. Vamos fazer uma avaliação para saber se é possível revestir as cadeiras de Sérgio Rodrigues com outros materiais para cumprir as normas de segurança em caso de incêndio. Eu tenho o desejo de resolver o problema. Mas a questão é técnica e financeira. Vamos avaliar todos os aspectos”.

 

O arquiteto Luiz Philippe Torelly, que trabalhou sete anos no Iphan, lembra que o Cine Brasília só é tombado como patrimônio cultural pelo GDF. Estranhamente, o prédio não está relacionado na lista das obras de Oscar Niemeyer reconhecidas como patrimônio nacional: “Acho uma das obras mais emblemáticas de Brasília”, comenta Torelly. “Mas, independentemente de as cadeiras serem ou não de Sérgio Rodrigues, o mais importante é o valor que a comunidade atribui ao bem. A questão da monumentalidade ou do valor arquitetônico vem sendo cada vez mais substituída pela representatividade. É um patrimônio afetivo, isso precisa ser considerado”.

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