Na segunda rodada de negociação com os bancos, os temas saúde, condições de trabalho e segurança foram discutidos
Pesquisa da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) aponta que os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil. Mais de 18 mil bancários (18.671) foram afastados em 2013, de acordo com dados do INSS, em todo o país, um crescimento de 40,4% em relação a 2009, quando houve 13.297 afastamentos.
Desse total, 27,0% são por transtornos mentais e comportamentais (como stress, depressão, síndrome do pânico) e 24,6% são por LER/Dort. Em 2014, somente entre janeiro e março do ano passado, 4.423 bancários foram afastados do trabalho, sendo 25,3% por lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares e 26,1% por doenças como depressão, estresse e síndrome do pânico. A pesquisa, feita com quase doze mil bancários (11.925), em julho deste ano, somente em São Paulo, Osasco e região, aponta que a atual política dos bancos compromete a saúde dos empregados: 19% responderam que usam medicamentos controlados. Esse alto índice de afastamentos está relacionado a gestão dos bancos que apostam numa rotina de metas abusivas, extrema pressão e assédio moral como meio de aumentar sua produtividade, assinalou a Contraf. A pesquisa também revela que entre as prioridades da campanha para os trabalhadores estão o fim das metas abusivas (59%) e o combate ao assédio moral (57%). Negociação – Nesta quarta-feira e quinta-feira (03), a categoria bancária teve a segunda rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2015. Participaram representantes do Comando Nacional dos Bancários e da Federação dos Bancos (Fenaban), discutindo os temas saúde, condições de trabalho e segurança. “Não houve avanço na mesa de negociação em saúde e condições de trabalho. Os bancos não aceitaram nossas propostas e não apresentaram nada para resolver os casos de adoecimento, que se tornaram uma epidemia na categoria. Entre 2009 e 2014 houve um crescimento de 70,5% nos transtornos mentais e comportamentais. No mesmo período, nas outras categorias, o crescimento foi de 19%“, disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários. Segurança – Em reunião com a federação dos bancos (Fenaban) para discutir segurança bancária, dirigentes sindicais cobraram o cumprimento das normas previstas no projeto-piloto nas cidades de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes e sua ampliação em todo o país. Conquista da Campanha Nacional 2012, o programa teve por objetivo testar itens de segurança como porta-giratória com detector de metais, câmeras internas e externas, biombos em frente aos caixas e guarda-volumes. “Tivemos um excelente resultado, com redução de até 92% dos crimes como de saidinha de banco, assaltos e arrombamentos em várias regiões onde foramexecutados os itens de segurança, mas os bancos também não querem ampliar para todo o país, mantendo funcionários e clientes em risco”, diz Juvandia Moreira. “Com essa postura, mostram que estão mais preocupados em resolver os problemas das multas que tomam justamente por não cumprirem leis de segurança que já foram aprovadas. Mais uma vez demonstraram que lhes interessa o patrimônio, e não a vida de seus funcionários e clientes”. “A saúde é um direito social e humano e não vamos aceitar que as condições de trabalho continuem adoecendo a categoria. Esperamos que os bancos coloquem em prática seu compromisso social e não vamos terminar a campanha sem avanços”, disse Roberto Von der Osten, presidente da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e um dos coordenadores do Comando Nacional dos Bancários. A terceira rodada de negociação continua no dia 09, com o tema igualdade de oportunidades. Dados da Categoria – Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com validade nacional. Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. São mais de 500 mil bancários no Brasil, sendo 142 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o maior do país. Nos últimos onze anos, a categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2014 de 20,07%: sendo 1,50% em 2009; 3,08% em 2010; 1,50% em 2011, 2% em 2012, 1,82% em 2013 e 2,02% em 2014. Principais itens aprovados: • Reajuste Salarial de 16%, sendo 5,7% de aumento real, além da inflação projetada de 9,75% • PLR – três salários mais R$ 7.246,82 • Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.299,66) • Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá – Salário Mínimo Nacional (R$ 788); • 14º salário • Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários • Emprego – Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e precarização das condições de trabalho • Mais segurança nas agências bancárias
Brasília, 20h13min