Willean Reis termina Jezabel com a sensação de dever cumprido: “Trabalho digno”

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Willean Reis vive Acazias na novela Jezabel e se prepara para lançar uma série e um filme em que interpreta um jovem da periferia. Leia entrevista com o ator!

O ator Willean Reis é como Gonzaguinha: “bota fé na fé da moçada”. Isso porque ele, que se despede nesta segunda-feira (12/8) do Acazias de Jezabel, não acredita muito na máxima de que a juventude brasileira está perdida e despreparada para assumir o poder.

“Existe uma parcela enorme trabalhando em vários tipos de movimentos pensando nas questões sociais que nos assombram. Acho que precisam ainda de muito avanços, mas temos um caminho muito bonito e acredito que a mudança está em nós”, afirma Willean, em entrevista ao Próximo Capítulo.

O intérprete do irmão de Jorão (vivido pelo brasiliense Diyo Coelho) confessa que tomou um susto ao entrar no meio da trama de Jezabel. Mas avalia que o saldo é positivo.

“Tinha um tempo que não fazia TV, estava mais pelo cinema e séries, que trabalham numa linha próxima do nosso cinema, então entrar num espaço onde já se possui um ritmo/mecanismo requer muito cuidado e atenção. O início foi meio confuso, mas aos poucos foi fluindo e no final acho que ficou um trabalho digno”, afirmou.

Na entrevista a seguir, Willean fala sobre Jezabel, cinema e seus próximos trabalhos, a série Jungle Pilot, da Universal; e o filme Um dia qualquer. Confira!

Entrevista// Willean Reis

Foto: Lukas Alencar/Divulgação. Para Willean Reis, a televisão é desafiadora

Como é entrar em uma novela em andamento?
É um pouco desesperador (risos). Tinha um tempo que não fazia TV, estava mais pelo cinema e séries, que trabalham numa linha próxima do nosso cinema, então entrar num espaço onde já se possui um ritmo/mecanismo requer muito cuidado e atenção. O início foi meio confuso, mas aos poucos foi fluindo e no final acho que ficou um trabalho digno.

Você já conhecia a história de Acazias?
Não conhecia, confesso. Descobri quando recebi o convite para fazer o personagem. Na hora corri pra pesquisar sobre, e vi que era o filho de Jezabel. Li algumas coisas a respeito, pensei em ler a Bíblia, mas não tive tempo pra isso. Chegando em Paulínia que fui entender as relações e etc.

Acazias é herdeiro do trono e assume o poder muito jovem. Ele está preparado para assumir o poder?
Acredito que não, mas ele sim. Acazias se perde em sua cegueira, que é uma clara manipulação da mãe também, toda a ideia de se tornar rei, de ser o filho sucessor ao trono, toda essa fantasia se torna desejo. Desejo de poder, de vingança, de amor, de amor principalmente ao Elias. Tanto que transborda. A caçada da vingança transformando-se em admiração no final das contas. Entretanto é apenas uma marionete da mãe.

E a juventude brasileira? Você a vê preparada?
Sim, sem dúvidas. Existe uma parcela enorme trabalhando em vários tipos de movimentos pensando nas questões sociais que nos assombram. Acho que precisam ainda de muito avanços, mas temos um caminho muito bonito e acredito que a mudança está em nós.

Você está em Jungle Pilot, da Universal. O que pode adiantar desse projeto?
Foi uma experiência massa. Dou vida ao Jessé, um sobrevivente das periferias da vida. Nascido e criado em Manaus, sem pai e mãe. É um projeto que, na minha opinião, sintetiza exatamente a transformação do “homem” diante do poder e dinheiro. Acho que a ideia é refletir sobre isso também. E como, de alguma forma, vivemos a vida para ganhar dinheiro a qualquer custo. Criamos uma dependência tão grande que não nos permite visualizar outras possibilidades de viver a vida.

E do filme Um dia qualquer? o que pode contar?
Um dia qualquer é um projeto necessário que vai nos permitir reflexões muito profundas sobre as nossas periferias do Rio de Janeiro. O longa te permite esses questionamentos por tratar de assuntos delicados, como a milícia, que, por exemplo, possui influências fortíssimas no Estado. A ideia principal é retratar essas zonas de conflito, essas áreas que são comandadas por poderes paralelos tão fortes que é difícil de mencionar.

Tanto em Jungle Pilot quanto em Um dia qualquer você vive um jovem da periferia. Estamos olhando mais para essa parcela da sociedade, antes renegada à invisibilidade?
Sim, sem dúvidas. Houve uma mudança significativa nesse movimento, mas acho que nosso cinema ao longo dos anos tentou de alguma forma trazer esses questionamentos. Existem inúmeros filmes na década de 1980/1990 nesse âmbito. Hoje temos filmes brasileiros com esse tema percorrendo o mundo através de festivais e ganhando prêmios, como o O lobo atrás da porta. Temos excelentes produções e acredito que o caminho será vasto!

Você faz televisão, teatro e cinema. Qual deles é mais desafiador para você?
Acho que todas as áreas possuem suas dificuldades, e cada uma de um jeitinho muito específico. Pensando em desafio, acho que a TV, para mim, é a mais estimulante nesse lugar. Acho difícil fazer bem TV. No cinema eu me sinto em casa, me divirto de alma. No teatro eu tive experiências enlouquecedoras que me proporcionaram maravilhas, mas acredito que no geral a TV é o mais desafiador, pela dificuldade. Gravar 16 cenas num dia, cenas com muitos conflitos e etc, é no mínimo tentador.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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