Recheado de clipes musicais, a websérie Crush! estreia no YouTube trazendo temas como primeiro amor e preconceito. Leia entrevista com o diretor Rogério Garcia!
Nudes, primeiro amor, gordofobia, preconceitos, ciúmes, papos virtuais… O universo jovem está em cartaz em Crush!, websérie que estreia nesta segunda-feira (21/9) no youtube. Com roteiro de Mariana Azambuja e Felipe Junqueira e direção de Rogério Garcia e Yuri Farage, a atração assume ares de musical, com clipes entremeando as cenas.
A trama mostra os amigos inseparáveis Madu (Helena Leal), Pedro (Matheus Faissal) e Ciça (Vitória Mota) às voltas com as questões inerentes à adolescência. ““Nossa proposta não é levantar bandeira, mas colocar uma lente de aumento em questões muito importantes de serem ditas e repensadas. A quebra de padrões e preconceitos se dá na representatividade e no diálogo”, afirma Rogério Garcia ao Próximo Capítulo. “(Queremos) cantar as diferenças e refletir com leveza sobre nossas atitudes”, completa.
Uma preocupação em Crush! foi de fugir do estereótipo com que os jovens costumam ser tratados na teledramaturgia. “Sinto falta de produtos que conversem de igual para igual com o público jovem. Nessa faixa etária estamos descobrindo nossas principais características e questionamentos. Precisamos deixar de romantizar o jovens e falar a língua deles”, explica o diretor.
Para que esse diálogo seja realmente direto nada melhor do que optar por uma plataforma em que os jovens se sintam totalmente à vontade. Criado para ser um espetáculo teatral, o musical acabou encontrando o lugar perfeito como websérie. Mas não o mais fácil. “As webséries brasileiras têm crescido muito em qualidade e alcance. Precisamos de políticas públicas culturais sérias e voltadas para esse formato democrático e livre de criação audiovisual. Estamos passando por uma revolução nos formatos de conteúdo audiovisual e tenho certeza que os produtos para plataformas livres terão cada vez mais força e qualidade”, finaliza Rogério.
Entrevista// Rogério Garcia
A série aborda temas nem tão leves, como gordofobia, ciúmes e preconceito. Como será a abordagem dessas temáticas? Virá de forma leve, como sugere um musical?
Sempre de forma leve e realista. Nossa proposta não é levantar bandeira, mas colocar uma lente de aumento em questões muito importantes de serem ditas e repensadas. A quebra de padrões e preconceitos se dá na representatividade e no diálogo. Essa é a nossa proposta: cantar as diferenças e refletir com leveza sobre nossas atitudes.
Crush! é uma websérie. Quais são os desafios desse formato? Ainda há um público muito de nicho para esse produto ou ele está se expandindo?
O maior desafio para este formato é a falta de apoio e financiamento. As webséries brasileiras têm crescido muito em qualidade e alcance. Precisamos de políticas públicas culturais sérias e voltadas para esse formato democrático e livre de criação audiovisual. Os maiores e fiéis consumidores de webséries são os adolescentes, nosso público alvo. Estamos passando por uma revolução nos formatos de conteúdo audiovisual e tenho certeza que os produtos para plataformas livres terão cada vez mais força e qualidade.
Qual é a sua relação com musicais?
Eu sou um apaixonado por musicais. Quando planejo uma viagem internacional a primeira coisa que faço, antes de escolher qualquer programa, é fazer o roteiro inteiro de musicais em cartaz nas cidades que visito. Eu produzi alguns musicais no teatro, em 2019: O despertar da primavera e Uma noite na Broadway, ambos com direção da Rafaela Amado. Foi uma experiência linda e me incentivou a dirigir também. Quando se trabalha com paixão e seriedade o resultado só pode ser o sucesso.
Como a música entra na história da série?
No decorrer do processo de criação do roteiro fomos criando alguns clipes para movimentar o nosso canal. O resultado foi tão tão surpreendentemente lindo que resolvemos usá-los na dramaturgia e incorporar à série.
A produção audiovisual brasileira nem sempre contempla os jovens. Sente falta de mais produções voltadas para esse público?
Sinto falta de produtos que conversem de igual para igual com o público jovem. Nessa faixa etária estamos descobrindo nossas principais características e questionamentos. Precisamos deixar de romantizar o jovens e falar a língua deles. Meu parceiro na direção de Crush, Yuri Farage, também lançará em breve outro produto voltado para jovens, O clube dos antissociais. Estamos cada vez mais apaixonados por esse universo e tenho certeza que tendência natural é que a criação de conteúdo para jovens cresça.
A ideia original era que Crush! fosse um musical. Quais as principais adaptações ou alterações foram feitas para o novo formato?
A principal e crucial adaptação necessária é transformar um texto de teatro para roteiro de audiovisual. Nesse sentido a Mariana Azambuja, que além de roteirista é a produtora e realizadora do projeto, foi crucial e altamente competente na adaptação para o audiovisual. Mariana Azambuja e Felipe Junqueira aceitaram o desafio e, em tempo recorde, o roteiro de Crush! estava pronto. Com o roteiro em mãos, convidei Yuri Farage para dividir a direção comigo, trouxemos parcerias importantes e montamos uma equipe de primeira! Acredito piamente que as parcerias são primordiais para vencer desafios na arte.
Essa é sua primeira direção no audiovisual. Quais são as suas referências?
Meus diretores referência são John Cassavetes, Fellini, Almodóvar, Alejandro González Iñárritu. Mas não posso deixar de dizer que crescer assistindo a Glee foi a maior referência para conceber a ideia de transformar a peça em audiovisual.
Ser ator facilita em algum momento seu lado diretor?
Somos dois atores diretores e, com certeza, o diálogo fica mais próximo com os atores. O ator no set tem que se manter confortável e confiante para gravar. A lente capta tudo. O fato de ser ator me faz ter mais empatia e entendimento com as questões e dificuldades das atrizes e atores no set. Falamos a mesma língua.