Sucesso nos EUA, The handmaid’s tale estreia neste domingo (11/3) no Brasil. Produtor Bruce Miller conta o que público pode esperar da série
A espera foi grande, mas finalmente acabou. Quase um ano depois de estrear nos Estados Unidos, a série The handmaid’s tale (O conto da aia, em português), uma das sensações de 2017, chega ao Brasil. A exibição do primeiro episódio é neste domingo (11/3), às 21h, no Paramount Channel, que estará com sinal aberto para assinantes da SKY, Oi e Vivo.
A série é baseada no livro homônimo da canadense Margaret Atwood e se passa numa realidade alternativa, em que os Estados Unidos, dominado por um regime cristão que assumiu após um golpe, organiza a sociedade em castas devido a queda da taxa de fertilidade. As poucas mulheres férteis são retiradas de suas famílias e empregos e são distribuídas como propriedades para os clãs dos comandantes de Gilead (como é chamada a sociedade), as quais elas servem como aias que todo mês são obrigadas a passar por uma cerimônia de reprodução, em que são estupradas pelos chefes. A história é contada do ponto de vista de Offred, papel de Elisabeth Moss, uma mulher que é afastada da filha e do marido e passa a ter como único objetivo de vida: sobreviver ao sistema.
Vencedora dos principais prêmios do Emmy e do Globo de Ouro, The handmaid’s tale tem um grande time de produtores, entre eles, Bruce Miller, que conta a seguir um pouco sobre a produção, que tem uma segunda temporada confirmada e promete se tornar em um dos assuntos mais comentados deste domingo no Brasil.
Entrevista // Bruce Miller, produtor de The handmaid’s tale
O que o atraiu inicialmente na história?
Eu tive que ler esse livro na escola e amei a história. Sempre fui um fã de livros que criassem um mundo pós-apocalíptico. Depois da escola, reli o livro diversas vezes. Margaret Atwood foi uma das pessoas que me ensinou como escrever e a pensar como um escritor. Eu sempre pensei que essa história daria um ótimo filme. Como a minha carreira foi para a televisão, pensei que daria uma ótima série. O universo era interessante e pensei que seria infinitamente fascinante ir além das pequenas questões que ela entrega no livro. Honestamente, foi por Offred por quem eu fiquei realmente ligado, porque a história é sobre ela. Ela é uma mulher, uma mãe, um ser humano tentando sobreviver neste mundo. Isso é o que realmente me atraiu para o projeto. Existem todos os tipos de implicações políticas e religiosas, e esses temas são todos interessantes, mas para mim tudo se volta para as pessoas que vivem neste mundo e como elas sobrevivem e estão presas por suas próprias escolhas.
Na sua opinião, qual é o maior tema de The handmaid’s tale?
A série tem muitos e amplos temas, como controle de natalidade, sexismo, misoginia e crueldade, mas o maior tema é a esperança e a sobrevivência. É sobre isso que é a história. O objetivo de Offred é sobreviver a essa situação e se reunir com a sua filha e retomar o que consideramos ser uma vida normal. Nossas vidas são confusas, irritantes, ocupadas e sobrecarregadas, mas não apreciamos tudo isso até que seja levado embora. Outro grande tema é a gratidão. Para se apreciar o que você tem agora, é preciso ter as coisas retiradas. Para Offred, o conflito central é sobreviver e viver.
Qual é o tom que vocês decidiram levar para a série?
A série tem um tom muito desenhado de acordo com o livro. É um mundo sombrio, mas não é uma produção escura, porque é uma série sobre esperança e perspectiva. Estamos falando também sobre a criação de um mundo desde o início, um mundo onde não existe linguagem visível porque as mulheres não têm permissão de ler. Tivemos que criar um lugar onde não haviam palavras, apenas símbolos. Todos os aspectos da vida em Gilead tiveram que ser considerados. Também desenhamos uma paleta de cores de forma planejada e cuidadosa, porque todo personagem da série tem uma relação com a cor da casta, que é algo atribuído no livro.
Como foi a participação de Margaret Atwood na série?
Está série requer uma grande atenção aos detalhes. Margaret Atwood criou o livro e acho que a maior colaboração criativa foi tê-la entre todos nós. O livro é a nossa estrela de orientação, inspiração, modelo e até conselheiro espiritual. A própria Margaret tem sido incrivelmente útil e generosa em termos de orientação da história.
O que você está ansioso para que o público brasileiro possa ver na série?
Estou empolgado para que o público possa ver a atuação de Elisabeth Moss, mais do que tudo. Ela realmente pegou essa personagem e deu vida com detalhes e profundidade, mais do que há no livro. Para as pessoas familiarizadas com a obra, estou empolgado para que elas vejam como construímos esse mundo e a complexidade dele. Penso também que o clima político de hoje está aberto para esse tipo de discussão. The handmaid’s tale não trata de nada novo, é algo que acontece todos os dias, mesmo antes da eleição de Donald Trump.
Leia aqui crítica sobre a primeira temporada de The handmaid’s tale. Se preferir, assista ao vídeo.