Mais do que fábrica de sonhos, a televisão brasileira revela-se uma fábrica de divas. Atrizes e apresentadoras, desde a chegada do veículo ao Brasil, no ano de 1950, se destacam e são logo alçadas ao posto de estrelas. Talentosas e carismáticas, elas atravessam gerações nos encantando, de Fernanda Montenegro a Sophie Charlotte, de Laura Cardoso a Nathália Dill. Conheça algumas delas ー sim! Sabemos que muitas estarão de fora ー e veja projeções que fazemos para as próximas divas das telinhas brasileiras.
Uma gracinha!
Já na década de 1950, Hebe Camargo brilhava na tevê brasileira. Convidada para cantar o hino da tevê no dia da inauguração, ela não pôde aceitar devido a um compromisso profissional do namorado dela à época. Não foram raras as entrevistas em que, descontraída, Hebe agradecia por não entoado a música, da qual ninguém mais se lembra. Difícil mesmo é esquecer a apresentadora, morta em setembro de 2012, aos 83 anos.
Hebe chegou à televisão vinda do rádio, caminho percorrido por muitas estrelas daquela época. Na TV Tupi, estreou em Rancho Alegre e, depois, passou por várias emissoras, como Record, Band, Rede TV! e SBT. Na Globo, foi homenageada com o troféu Mário Lago pelo conjunto da obra em 2010. Hebe estava longe de ser aquela apresentadora passiva, que só chamava as atrações e entrevistados ao seu famoso sofá, reverenciado até os dias de hoje. Ela fazia questão de dar opinião sobre vários assuntos, como no clássico episódio em que levou um bolo coberto de moscas para representar a corrupção em São Paulo e no país.
Versatilidade
No ar há 58 anos, Glória Menezes é um patrimônio da nossa televisão. Desde a estreia em Um lugar ao sol (1959), a atriz já fez de quase tudo na tevê: foi mocinha em A deusa vencida (1965) e em Pai herói (1979); vilã em Corpo a corpo (1984) e Rainha da sucata (1990); nos fez rir em Brega & chique (1987) e chorar em Senhora do destino (2004). Além disso, ela fez parte do elenco de 2-5499 ocupado (1963), a primeira novela diária da televisão brasileira, defendeu uma mulher com três personalidades na mítica Irmãos Coragem (1970) e ganhou um seriado só para ela e o marido Tarcísio Meira, o Tarcisio e Glória (1988).
Dona de várias histórias
A chegada de Eva Wilma à televisão brasileira, em 1953, já foi marcante: ao lado do então marido, John Herbert, ela estreou o seriado Alô, doçura, que ficou 10 anos no ar, pela Tupi. Deusa dos palcos, Eva também brilhou nos teleteatros da mesma emissora. Mas foi com duas tramas de Ivani Ribeiro que Eva foi alçada ao posto de estrela da nossa tevê: as gêmeas Ruth e Raquel de Mulheres de areia (1973) e Dinah de A viagem (1975). A atriz ainda marcou presença em vários clássicos de nossa dramaturgia, como O meu pé de laranja lima (1970), O direito de nascer (1978), Plumas e paetês (1980), Sassaricando (1987) e Pedra sobre pedra (1992). Além disso, brilhou em A indomada (1997) como a vilã Maria Altiva Pedreira de Mendonça e Albuquerque. Eva deve voltar às telas na segunda temporada do ótimo seriado Os experientes, da Globo.
Eterna namoradinha
Depois da Ritinha de Irmãos Coragem (1970) e da Patrícia de Minha doce namorada (1971) nos acostumamos a chamar Regina Duarte de namoradinha do Brasil. O apelido carinhoso tão difícil de esquecer permeia a carreira da atriz até hoje, misto de reconhecimento do talento e do carisma dela com injustiça pela versatilidade da intérprete de mulheres fortes como em Malu mulher (1979), Roque santeiro (1985), Vale tudo (1988) e Rainha da sucata (1990). Isso sem falar nas Helenas de Manoel Carlos que viveu em História de amor (1995), Por amor (1997) e Páginas da vida (2006). Até semana passada, Regina dava mostra de sua versatilidade com a cafetina Madame Lucerne, de Tempo de amar.
Todas as Glórias
A atriz Glória Pires parece várias de tão múltipla. Prova de que diva não tem idade, a Elizabeth da atual O outro lado do paraíso tem 54 anos e vários papéis de destaque, desde que conquistou o país como a Marisa de Dancin’ Days (1978), a Zuca da primeira versão de Cabocla (1979) e a Sandra de Água viva (1980). Glória é dessas atrizes que não se prendem a mocinhas ou vilãs ou a comédias e dramas. Ela fez tipos inesquecíveis como a vilã Maria de Fátima de Vale tudo (1988), as gêmeas Ruth e Raquel do remake de Mulheres de areia (1993) e a babá Nice de Anjo mau (1997). Ano passado, a mãe de Cleo Pires bombou na internet e virou meme com o bordão “não posso opinar” na transmissão do Oscar de 2016. A diva, que tem conta movimentada no Twitter, fez a bem-humorada à época, mas não voltou a comentar a premiação pela Globo.
As contemporâneas
Pelo menos dois nomes contemporâneos já despontam como divas da nossa televisão: Juliana Paes e Mariana Ximenes. Juliana acabou de chamar a atenção da crítica e do público como Bibi, em A força do querer, melhor papel da carreira dela desde a promissora estreia como Ritinha de Laços de família (2000). A atriz, que pode ser vista na reprise de Celebridade (2003), também marcou ao passar por Pé na jaca (2006) e Caminho das Índias (2009). Já Mariana é um expoente da geração dela. Cria dos palcos, ela cresceu também em frente às telas. Na tevê se destacou em A casa das sete mulheres (2003), Chocolate com pimenta (2003), A favorita (2008) e Passione (2010). Para o ano que vem, o nome de Mariana está reservado para a minissérie Se eu fechar os olhos agora.
As próximas divas
Marina Ruy Barbosa ー A Amália de Deus salve o rei já mostrou que é mais do que um rostinho bonito ou uma criança fofa que cresceu. Tem tudo para ser uma das estrelas da geração. Marina vem sendo apontada como alvo de disputas entre autores como Aguinaldo Silva dentro da Globo.
Sophie Charlotte ー A atriz esteve muito bem em Os dias eram assim e tem participação anunciada em duas minisséries: Ilha de ferro e Aracy, O Anjo de Hamburgo, que devem ser exibidas em 2018 e 2019, respectivamente.
Agatha Moreira ー No ar como Ema de Orgulho e paixão, Agatha vem chamando a atenção desde Em família (2014), mas se destacou mesmo em Verdades secretas (2015) e em Novo mundo (2017).
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