Um dos grandes desafios da televisão é entreter ao mesmo tempo em que consegue passar uma mensagem, uma reflexão. A maioria das pessoas não quer só rir de um personagem escorregando em uma casca de banana, ao mesmo tempo em que outros evitam mais ainda questionamentos à la Nietzsche. Nesse jogo pela busca de audiência, vence quem conseguir um leve equilíbrio entre o divertido e o inteligente. Smilf não só conseguiu os dois, como ainda apimenta tudo com uma boa pitada de ousadia – o termo “smilf” (“single mother I like to fuck”) designa “mulheres que são mães, mas ainda são desejadas sexualmente”.
A trama conta a história de Bridgette (Frankie Shaw, de Mr. Robot), uma jovem mãe, que tenta equilibrar a decadente carreira de atriz (que atualmente se resume em ser babá de uma adolescente) e as responsabilidades da maternidade. O enredo não é novo, pelo contrário, Better things está a dois anos dando uma verdadeira aula sobre como abordar o mesmo assunto. O que Smilf tem de novo é uma complexa mistura entre o drama da situação, uma – boa – apelação e uma sutil reflexão social, que sacia a fome do público por conteúdo (e ainda o deixa pensando alguns minutos além do episódio).
O piloto faz um trabalho exemplar em apresentar os personagens que montarão todo o arco da série. Conhecemos Tutu (Rosie O’Donnell), mãe de Bridgette, uma senhora um pouco desequilibrada psicologicamente, mas que é toda a ajuda que Bridgette tem; e Rafi (Miguel Gomez), o pai do filho de Bridgette, um rapaz que tenta manter a criação do garotinho em primeiro plano, mesmo tendo de lidar com os “altos e baixos” da ex-companheira. Connie Britton (Friday night lights, #saudades) e Samara Weaving (Out of the blue) ainda completam o elenco com personagens que, provavelmente, serão melhores explorados nos próximos episódios.
Frankie Shaw ainda é um nome novo, mas se eu fosse você já ia guardando. Além de estrelar, Frankie também dirige, escreve e produz a série. Bateu um leve déjà-vu? Não é para menos, Frankie faz bem o estilo Lena Dunham de ser, não só nas múltiplas tarefas, mas também na maior liberdade com a qual pretende lidar com o conteúdo. Nudez, palavrões e atitudes eticamente incorretas (como tentar transar com um cara na mesma cama em que o filho está dormindo) fazem parte do enredo e constroem uma narrativa que pode ser classificada como até melhor do que Girls.
Lidar com essa liberdade nas telinhas não é tarefa simples. É importante lembrar que Lena Dunham trabalhava com a HBO (canal historicamente conhecido pelos temas mais à frente de seu tempo), já Frankie tem de enfrentar o Showtime, canal fechado ligado a CBS (canal historicamente conhecido pela tradicionalidade). Outro ponto que pode ser preocupante é a questão da comédia. Algumas piadas parecem não funcionar da forma que deviam e acabam fazendo o público esboçar pouco mais do que um sorrisinho.
Em contrapartida, é fundamental citar a última cena do piloto, a audição de Bridgette foi um ponto fora da curva no quesito excelência. Em poucos momentos em séries tive o prazer de presenciar uma entrega total como aquela. Smilf tem tudo para se tornar uma nova referencia de ousadia e conteúdo original. Boas ideias, capacidade de execução e um elenco nível máximo já ficou claro que a série tem.
Ator carioca de 46 anos retorna às produções bíblicas com Reis em ano que festeja…
Ator de 33 anos comentou sobre os trabalhos no audiovisual que vem emendando desde 2020…
Atriz que protagoniza No ano que vem e estará de volta com Rensga Hits celebra…
Protagonista das cinco temporadas de Star Trek: Discovery, Sonequa Martin-Green comenta o caminho trilhado pela série…
Ator pernambucano, de 37 anos, entrou para o elenco de Família é tudo, da Globo, e…
Atriz gaúcha protagoniza série independente gravada no Mato Grosso e exibida em uma tevê estatal…