Dois anos separam as duas temporadas de Sintonia O intervalo geralmente maior do que o observado entre as séries foi ocasionado pela pandemia de covid-19. No caso da produção dirigida por KondZilla, esse hiato pareceu fazer bem à trama como um todo. Na segunda temporada, Sintonia chega mais madura, com personagens mais complexos e mandando o recado dela pra geral.
Uma das maiores dificuldades de uma série que demora tanto a voltar é trazer a temporada anterior à memória do público. Um dos universos que rege Sintonia é o do funk. Por isso, funciona bem a criativa e ótima solução de a primeira cena ser um funk cantado por MC Doni (Jotapê) cuja letra é uma bem humorada e detalhada revisão do que passou na temporada inicial. Como num clipe, imagens de cenas do ano anterior acompanham a batida. A segunda temporada de Sintonia chegou chegando.
Mas também chegou com jeitão de requentada: o funk, a religião e o tráfico de drogas na favela paulista dão as cartas nos episódios ー exatamente como na primeira leva de episódios. Ledo engano. Isso é apenas a coesão. Logo percebemos que os amigos Doni, Rita (Bruna Mascarenhas) e Nando (Christian Malheiros) estão mais maduros. Isso reflete de cara na atuação dos protagonistas. Os três crescem em cena.
Talvez o maior acerto desta temporada seja separar um pouco o universo dos amigos, mas sem deixar que eles se dispersem de vez um do outro. É da reunião deles a cada adversidade que vem a força da série. Assim, Rita está mais perto da igreja, na qual volta a ser aceita; Doni faz cada vez mais sucesso com a música dele e começa a ganhar dinheiro; e Nando é alçado a um dos líderes do tráfico.
Claro que nem tudo é perfeito assim. Rita encontra dificuldades para erguer uma igreja junto da pastora Sueli (Fernanda Viacava, mais uma vez bem em cena). A menina encontra ajuda ー e um pouco mais ー em Levi (Bruno Gadiol), filho do pastor que morava no Canadá e está de volta ao Brasil. MC Doni começa a ter dificuldades com a profissionalização do trabalho dele, tendo que ceder a pressões de empresários que pensam mais em dinheiro e em cliques e views do que na felicidade do rapaz. E Nando tem o arco mais complicado: a contravenção começa a incomodar o jovem, mas como sair, agora que foi tão alto?
A segunda temporada de Sintonia também é sobre escolhas e, até mais, sobre as consequências que elas trazem para a nossa vida. E sobre buscar as origens. É como se olhar para trás fosse o importante para andar para frente. Ficaram maduros esses meninos!
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