Em seis anos, a atriz Sâmia Abreu viu o público de seus trabalhos na TV dar uma guinada geral. Da infantojuvenil Chiquititas, na qual viveu Érica, à adulta Merinat, uma das rainhas do faraó Sheshi (Fernando Pavão) na última fase de Gênesis. Curiosamente, as duas se encontraram por conta da reprise de Chiquititas, no SBT.
“São linguagens bem diferentes. A forma de se comunicar com as crianças requer um jeito especial de interpretar e, assim como as novelas bíblicas, são leituras diferentes, pensamentos diferentes, época diferente, texto, e tudo isso influencia na interpretação”, afirma Sâmia, em entrevista ao Próximo Capítulo.
“Sinto muito orgulho de ter feito parte de Chiquititas e da infância de gerações diferentes! Vejo uma evolução enorme, não só de lá pra cá, como ao longo da novela também. Como foi minha primeira novela eu não tinha noção de como era, tinha acabado de me formar no teatro e já tinha feito alguns cursos de cinema, mas nada como o ritmo de gravação de novela, então aos poucos fui pegando prática”, lembra a atriz.
Nesse tempo, Sâmia foi se especializando e buscando crescer como atriz. E aí valeu de tudo: cursos com preparadores de elenco, peças de teatro, outras novelas, musicais, webserie. “Todas as experiências que adquiri nesses últimos anos com certeza me fizeram amadurecer bastante como atriz”, conta Sâmia.
O resultado disso pode ser visto na Merianat, definida por Sâmia como “uma mulher que faz de tudo para conseguir o que quer, muito refinada e educada, extremamente sedutora e elegante. Ela gosta de estar sempre no controle das situações e também sabe controlar muito bem as emoções.”
Merianat traz uma polêmica para os dias de hoje, mas que na época em que se passa a novela era comum: homens casados com várias mulheres. “O Faraó Sheshi na verdade tem 5 esposas e várias concubinas. Na época isso era normal, elas viviam todas no harém que ficava dentro do palácio, todas preparadas para servir ao Faraó quando ele quisesse e ele escolhia com qual queria passar cada noite. A novela vai mostrar a história só das duas principais (Merianat e Kamesha) e vai ser cheio de emoções e intrigas. As duas esposas são personagens de personalidade bem forte”, explica a atriz, que teve aulas com um historiador do Egito para ajudar a compreender esse universo de Gênesis.
Você promoveu encontros virtuais com o público de Chiquititas. Como foi essa experiência?
Foi incrível! Principalmente por ter acontecido em um momento tão delicado pra todo mundo, poder levar um pouco de alegria e distração pra casa dessas crianças foi maravilhoso. Quando a reprise da novela começou, eu estava sem trabalho na TV e pensar em todas aquelas crianças em casa sem ter o que fazer, sem poder sair, se socializar, me fez querer tomar alguma atitude que pudesse levar pelo menos um pouco de alegria e esperança pra elas. A repercussão da reprise da novela na internet foi muito grande, mais do que foi da primeira vez, porque agora mais do que nunca estamos vivendo em uma era extremamente digital. Quando gravei não existia tiktok e o instagram não era tão popular como hoje, então essa comunicação direta com meu público se tornou possível. E com a pandemia a plataforma Zoom começou a ser frequentemente utilizada para reuniões online e até peças de teatro. Eu já estava apresentando minha peça de teatro online e estava chegando o dia das crianças, como meu público é a grande maioria infantil eu pensei “porque não fazer um show virtual pros meus fãs e poder interagir com eles em suas casas?” e aí marquei a data e comecei a divulgar o encontro nas minhas redes sociais.
Você estudou direito paralelamente ao teatro. Como essas duas carreiras podem se ajudar?
Acho que na carreira de atriz toda experiência que a gente adquire na vida é válida. Quanto mais bagagem o ator tiver melhor, então se um dia eu tiver que interpretar uma advogada vou resgatar com certeza muita coisa que aprendi. E não só isso, o direito também ensina muitas coisas importantes que muitas vezes precisamos na nossa vida, como ler e criar contratos de trabalho, saber dos nossos direitos como cidadãos, saber se defender, se posicionar, entender sobre as leis do nosso país, e o direito também envolve muitos casos de pessoas reais que podem servir como referências para as minhas criações.
Além de atriz, você é produtora teatral. Como fazer o teatro reviver após uma pandemia e com um governo que não incentiva a cultura?
Vai ser bem difícil. Se esse incentivo já era restrito antes da pandemia, agora então ficou pior. Eu estava com um projeto de espetáculo teatral (VidAmorte) antes da pandemia, mas sem apoio nenhum, e com a chegada da pandemia adaptamos nosso espetáculo para o live streaming, novamente sem apoio ou incentivo do governo. A repercussão foi incrível, conseguimos levar o teatro para várias partes do mundo e lugares do Brasil que não tem acesso ao teatro. É uma pena não poder continuar com o projeto por não ter recursos. Os teatros estão voltando a abrir agora e ainda operando com 50% de sua capacidade, então mesmo que a gente consiga voltar a se apresentar vai ser um longo processo.
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