Ruptura retorna e preenche a expectativa com delicioso vazio misterioso

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A série de sucesso da Apple TV+ estreia a segunda temporada com muita expectativa, mistério e grandeza

Por Pedro Ibarra

Uma das principais séries da era recente dos streamings, Ruptura voltou após um hiato de três anos. Com o episódio Hello, Ms. Cobel, a produção deu início a uma segunda temporada muito esperada e com muitas perguntas a serem respondidas. Porém, mais importante que isso, o novo ano do seriado traz de volta uma lacuna estranha e atraente que fez o título se tornar um fenômeno de público e crítica.

O Próximo Capítulo já assistiu ao início da série e a sensação que a primeira temporada trouxe retorna para a segunda. Assistir Ruptura é lidar com as informações faltarem partes. As cenas ocorrem cheias de significados, mas ocas de respostas. O trabalho é deixar o público alerta e teorizando sobre o desenrolar o tempo todo.

Há sempre um subtexto próximo o suficiente para parecer palpável, mas que escorre pelos dedos do espectador uma vez que tenta se apegar a ele como certeza. Afinal, nada é certo, tudo é uma possibilidade. É sabido que o trabalho feito por Mark S (Adam Scott), Helly R (Britt Lower), Irving (John Turturro) e Dylan (Zach Cherry) é misterioso e importante, mas há apenas dicas que podem dar pequenas pistas do que pode ser esse serviço. Ou seja, tudo está ali na tela de quem assiste, mas, ao mesmo tempo, sempre falta algo.

A série é um vazio muito atraente. Ela precisa da curiosidade de quem assiste para continuar perguntando muito e dando poucas, mas muito satisfatórias respostas. Os personagens são como ratos de laboratório presos naquele labirinto de paredes brancas de drywall, é preciso ter sempre alguém assistindo e tentando descobrir os próximos passos, estudando o que aqueles comportamentos significam. Esse vazio misterioso é o que faz de Ruptura uma das séries mais populares da Apple TV+.

Apenas responder perguntas seria um trabalho muito preguiçoso para uma ideia tão complexa quanto a do seriado. A peça que falta para que as coisas fiquem claras precisa ser conquistada pelo espectador. Aparentemente sem esforço, a série inclui o público na história sem necessariamente ser didática e faz quem assiste se sentir inteligente, algo que agrada muito a audiência.

Para possibilitar todo esse sentimento, o seriado buscou voos mais altos, com episódios tecnicamente mais detalhados e complexos, direções e fotografia mais arrojadas e os cenários cada vez mais imersivos, estranhos e grandiosos. As atuações ganham mais nuances, quase todos os personagens ganham uma segunda versão fora da empresa. Os que não tem crescem em humanidade, caso do Milchick (Trammel Tillman) que é destaque absoluto no novo cargo que desempenha.

Ruptura cresce na medida certa sem se deslumbrar e entrega uma nova temporada que faz jus a toda mística que a série criou. A série prova que uma grande execução é incrível, mas tudo começa de uma grande ideia. Antes de uma produção multimilionária, Ruptura é uma narrativa ímpar e isso que faz dela fenomenal.

Pedro Ibarra

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