Já dissemos por aqui no Próximo Capítulo que esse tem sido um ótimo momento para as séries brasileiras, basta dar uma olhada na lista de novas (e boas) produções nacionais que estão chegando à tevê por assinatura para confirmar isso. Rua Augusta é uma delas.
Primeira série original feita no Brasil pela TNT, a produção acompanha a história de Mika, papel de Fiorella Mattheis (a primeira protagonista da atriz), uma stripper que trabalha na boate Love e tem uma vida bastante conturbada com diferentes tipos de problemas, como um pai cruel, uma mãe fraca, uma relação estranha com o irmão e uma série de problemas amorosos.
A história começa quando Mika sofre uma agressão na boate Hell, casa noturna em frente ao local em que ela trabalha, e vai parar no hospital. Tudo isso desencadeia uma série de acontecimentos na trama, como o envolvimento de Dimas (Rui Ricardo), namorado da personagem, na, também agressão, de Lucas (Rafael Dib), um homem obcecado por Mika e responsável pela confusão toda da noite. Enquanto isso, quem também acaba caindo nessa situação toda é Alex (Lourinelson Vladmir), dono da Hell.
Paralelamente a trama principal, há outros enredos, como a história de Nicole, personagem de Pathy Dejesus, uma mulher casada que mente para o marido e não revela que, à noite, trabalha de stripper na Love. Ela começa a se envolver com o jornalista Emílio (Rodrigo Pandolfo) e passa a viver uma vida dupla ainda mais complicada.
Outro ponto de destaque da história é exatamente a Rua Augusta, endereço tradicional de São Paulo, que é quase como um personagem a mais na trama. É por meio da rua que são abordados temas como droga, prostituição, violência e todo esse cenário underground da capital paulista. Esse é um trunfo da série que é dirigida por Pedro Morelli e Fábio Mendonça, e tem roteiro de Ana Reber, Jaqueline Vargas e Julia Furrer.
Ao todo, a primeira temporada contará com 12 episódios de 30 minutos. A estreia desta quinta-feira (15/3), às 22h30 na TNT, é com um episódio duplo. O Próximo Capítulo teve acesso apenas ao primeiro e te conta o que esperar!
Morelli, diretor da produção, falou bastante em representar o submundo da Rua Augusta. Isso é exatamente o que ele faz no episódio de estreia. Está lá o ar underground e pesado da Rua Augusta, o que faz a série ter uma paleta de cores mais escura, mais dark.
O ritmo do primeiro episódio é bastante envolvente. A série não demora engrenar, pelo contrário, tudo acontece: Mika é atingida por Lucas, vai parar no hospital, a confusão cria um embate entre Lucas e Dimas e a história termina com um ótimo gancho. E, pelo trailer do segundo episódio, a história tem muito a oferecer.
Apesar da narrativa ser rápida, o capítulo de estreia guarda muitos mistérios. A protagonista Mika, por exemplo, não é explorada, mas isso é proposital para que a personagem seja mais abordada ao longo de Rua Augusta, que é sim uma série promissora.
Como surgiu a oportunidade de interpretar Mika em Rua Augusta?
Foi através de teste. Me apaixonei pelo projeto como um todo. Além disso, trabalhar com a O2 sempre foi um sonho. O roteiro de Rua Augusta é eletrizante. Esta é minha primeira protagonista e ela é bastante desafiadora. Estava com saudades da entrega que é um personagem dramático. O mergulho que se faz para encontrar essa personagem dentro de mim. É um processo longo, dolorido, que você fica com dúvidas e insegura. Mas tem uma hora que você simplesmente encontra e aí começa a se divertir com isso e a criar. É um processo muito realizador, que preenche.
Como foi a sua preparação para a personagem? Você fez laboratório?
Fiz laboratório na Rua Augusta, conheci mais de 30 garotas de programa e pude conversar e vivenciar o universo delas. Quem me preparou para a série foi o Chico Acioly, fizemos pesquisas e ensaios. Fiz aulas de pole dance para aprender o strip com a Natasha Vergílio. Além disse tivemos três semanas de ensaio com elencos direção, o que foi muito importante. Quando chegamos no set, estávamos seguros, alinhados e ao mesmo tempo abertos para criar.
A série tem a Rua Augusta como também uma personagem. Como foi criar uma relação com essa rua tão emblemática para São Paulo?
É um lugar eletrizante. E existem várias Ruas Augusta dentro da Rua Augusta. Clima, estilo, som, doideira…. por estar vivendo uma moradora dali, foi fácil me apaixonar e querer viver a Rua Augusta. Laboratório me ajudou bastante. E depois disso, gravamos muitas madrugadas por ali… Hoje guardo boas lembranças e é um lugar que eu quero sempre voltar para tomar um chope com a galera.
Sua trajetória na televisão perpassa tanto séries quanto novelas. Para você quais são as principais diferenças entre atuar nesses dois formatos?
Fazer uma série como esta é como fazer cinema. Gosto do tempo que se tem tanto na interpretação como na parte de preparação. A entrega e disponibilidade é muito grande, tem que estar presente o tempo todo e aproveitar os olhares, respiração, tom…. Televisão é tudo mais rápido, mais corrido.
Rua Augusta traz um visual e uma trama bastante underground. Quais são os desafios de trazer à tevê uma produção assim?
Como estamos falando de tevê a cabo, temos muito mais liberdade de mergulhar nesse mundo underground com o peso que ele pede. Em nenhum momento o canal pediu para pegarmos mais leve. Isso foi muito estimulante, pois se tivéssemos que aliviar a barra a série não seria a mesma, iria fica no meio do caminho.
A série também apresenta a própria Rua Augusta como uma personagem. Como foi abordar o cenário como um personagem dentro dessa história?
A Rua Augusta, além de ser a mais emblemática da vida noturna paulistana, traz alguns traços especiais. É um local central onde há todo tipo de gente, onde o trabalhador pegando o ônibus as 7 da manhã se cruza com a galera saindo da balada. Onde a igreja evangélica é vizinha de muro dos inferninhos. Além disso, a rua está numa região central de SP, facilitando o acesso e a circulação de todo tipo de gente. Todas as tribos se cruzam por lá. Essa é uma matéria prima riquíssima para ambientar uma série.
Você foi o diretor artístico de Cidade dos homens, uma trama para a tevê aberta. Que diferenças percebe num trabalho para a televisão paga? Há diferenças?
Sim. Na tevê aberta, você está falando com muito mais gente, o que é muito estimulante. Mas por outro lado, você precisa ter o cuidado de se comunicar com clareza com todo esse público. Acredito que, na televisão paga, se pode ser um pouco mais autoral. Mas isso não é novidade, com o cinema é a mesma coisa. Os filmes que visam se comunicar com grande público tem o perfil mais didático e um tom mais leve do que os filmes autorais, em que a liberdade artística é plena, porém a quantidade de pessoas com quem se fala é limitada. O bacana é navegar em ambos os universos!
O primeiro episódio de Rua Augusta tem um ritmo rápido e ao mesmo tempo deixa várias perguntas para a sequência. Como será o ritmo de Rua Augusta? Qual é a característica da narrativa? O que pode contar sobre a série?
O ritmo é acelerado o tempo todo. Esse foi um cuidado que tomamos ao armar os roteiros. Todos os episódios têm fortes pontos de virada e a tensão fica lá em cima do começo ao fim. A série aborda um universo underground, cercado de sexo, drogas e violência. Mas o mais interessante é que mesmo os personagens mais brutos são movidos por amor. Esse contraste do sensível com o rock’n roll é o que dá o tempero de Rua Augusta.
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