A atriz Rita Guedes, 46 anos, começou cedo nos palcos de teatro, mas foi na televisão que viu a carreira deslanchar ao, em 1992, integrar o elenco da novela Despedida de solteiro, de Walther Negrão. Bianca foi a primeira de uma lista de personagens exuberantes na carreira da paulista. Estigma que Rita diz não se importar. “A minha trajetória veio de outra maneira, mas isso veio quando pisei na televisão, essas mulheres exuberantes, que eu adoro”, conta.
Depois de 15 anos de carreira na tevê, Rita resolveu fazer as malas e se mudar para Los Angeles para se profissionalizar, algo que ela não teve oportunidade de fazer no Brasil. Lá fez uma série de cursos dedicados à profissão e voltou no fim do ano passado após ser convidada para dois projetos: as séries 1 contra todos, em que vive Telma, e Tô de graça, programa de humor de Rodrigo Sant’anna. O retorno ao Brasil, o início da carreira e a experiência nos EUA são alguns dos assuntos abordados pela atriz em entrevista. Confira!
Você estava morando fora e agora está de volta ao Brasil. Como se deu isso?
Na verdade, fiquei 10 anos morando nos Estados Unidos. Eu me mudei para Los Angeles em 2007, quando ainda estava com contrato com a Globo, então tive que cumprir alguns meses aqui. Acabei vindo algumas vezes e devido ao contrato ainda fiz duas novelas inteiras. Mas depois disso consegui me dedicar como eu queria aos estudos e fiquei fazendo trabalhos mais curtos, como o filme Qualquer gato vira lata 1 e 2 e algumas participações na tevê. Depois de 10 anos, resolvi voltar e já entrei em dois projetos bem diferentes um do outro e estou muito feliz.
Como veio a oportunidade de entrar na série 1 contra todos, da Fox?
Na verdade, o pessoal da Conspiração (que produz a série em parceria com o canal) e o Breno (Silveira, diretor) pensaram em mim para o papel. Na época, eu ainda estava nos Estados Unidos, mas consegui mudar um pouco o roteiro de gravação para que eu pudesse fazer.
Você já tinha assistido à série?
Para falar a verdade, eu não tinha assistido porque estava vendo coisas americanas. Mas eles me mandaram a primeira temporada e fiquei fascinada, achei um trabalho incrível de todo mundo, da direção do Breno, o roteiro maravilhoso, o trabalho sensacional dos atores. É uma série incrível. É engraçado que a primeira temporada parte mais da prisão, na segunda entram os personagens de Brasília, que é onde eu entro, e na terceira o Cadu (papel de Júlio Andrade) vai para a Colômbia, então tem núcleos diferentes agregando novas histórias e personagens.
1 contra todos lançou neste ano a terceira temporada e a quarta está confirmada. Vocês já estão gravando a sequência?
Ainda está na parte da escrita, então vai demorar um pouquinho. Mas tem tido um bom feedback, o Julinho mesmo foi indicado ao Emmy Internacional. Tem sido muito bacana.
No seu retorno, além de 1 contra todos, você está na nova temporada de Tô de graça, que é uma comédia do Multishow. Como é transitar nesses gêneros?
É bem interessante, porque é um outro universo. Eu amo fazer comédia e fiz cursos maravilhosos disso nos Estados Unidos como com uma coach que preparou o elenco de Friends e é muito conceituada lá. Ela gostou muito do meu trabalho. Então poder fazer Tô de graça é muito bom.
O que te motivou a passar esses 10 anos nos Estados Unidos?
Eu nunca imaginei que fosse passar 10 anos. Na minha cabeça fui porque sempre quis estudar. Parei de estudar no colegial para fazer teatro mambembe e ficar viajando o Brasil inteiro. Eu não tive como estudar, mas tinha essa vontade de fazer curso, uma faculdade de artes cênicas e me aprofundar. Achei essa brecha em 2007, mas a minha intenção era ficar no máximo um ano. Foi uma experiência muito boa. Vejo uma diferença no meu olhar, na minha construção de personagens. O próprio fato de morar em outro país, aprendendo uma nova cultura, outra atmosfera, acrescentou demais.
Você chegou a atuar lá nos EUA?
Não cheguei a ir atrás de trabalho. Acabei fazendo dois testes porque vieram atrás de mim. Quase fiz um filme com George Clooney e um outro menor. E eu nunca fui atrás porque sempre achei que minha carreira era no Brasil. Não gostaria de começar do zero em outro país. Acho que perderia tempo. Minha intenção não era fazer carreira fora e abandonar o Brasil. Minha intenção foi estudar.
Você teve algum receio ao longo da carreira por ter feito sempre personagens que eram do tipo “mulherão”?
Não. Minha estreia na tevê foi fazendo personagens sensuais e isso marcou muito. Fui fazendo vários papéis com esse apelo e isso ficou. Foi onde o público conheceu meu trabalho. Mas tenho essa parte da comédia, quando fiz o teatro mambembe fiz clássicos infantis, commedia dell arte, textos de Fernando Pessoa e Guimarães Rosa. A minha trajetória veio de outra maneira, mas isso veio quando pisei na televisão, essas mulheres exuberantes, que eu adoro. Não me incomodou, porque o que eu ficava com medo era de me repetir. Mas sempre fazia um esforço para procurar particularidades nos personagens para que não tivessem semelhanças. E acredito que tenho conseguido diferenciá-las. Todo ator gosta de ser desafiado, quando sou desafiada me dá mais prazer. Se tive que fazer um personagem completamente diferente, vou mergulhar. Por exemplo, estou divulgando um filme em que faço um personagem bem diferente do que as pessoas estão acostumadas. Se chama Mar inquieto. Estreou nos Estados Unidos em festivais e foi superbem recebido lá. Agora está no Canal Brasil e no Now. É um filme que é um drama, um thriller, é uma personagem com uma história dramática e forte.
Como você começou a se interessar pela carreira artística?
Na verdade, sou uma cantora frustrada que virou atriz. Minha mãe era cantora antes de casar. Ela tinha uma banda, uma voz incrível e nunca tinha feito aula. Ela fazia novela de rádio, teatro, era uma atriz completa. Mais completa do que eu, porque atuava e cantava dignamente bem. Quando casou com meu pai, que era de uma família muito tradicional, resolveu abrir mão para se dedicar a família. Mas ela sempre cantou, então sempre teve muita música lá em casa. Minha vontade sempre foi ser cantora. Mas eu não tinha voz suficiente para isso. A vida artística sempre esteve presente, com 9 anos eu comecei a fazer teatro. Eu imitava o Carlos Suely, papel do Eliezer Motta em Viva o gordo, e fazia muito sucesso na escola. E o interessante é que hoje, em Tô de graça, tenho a oportunidade de atuar com ele.
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