O ator Rafael Primot se preparou lendo entrevistas de Manoel Carlos e quer retratar a alma de um dos nossos maiores autores de novela
Rafael Primot tem um desafio e tanto pela frente: dar vida a Manoel Carlos na minissérie sobre a vida de Hebe Camargo que a Globo deve exibir no fim deste ano ou no ano que vem. Na verdade, a minissérie Hebe terá origem no filme homônimo, previsto para chegar aos cinemas em agosto, mas irá para a telinha com personagens novos, caso de Manoel Carlos.
“Ele estará apenas na minissérie, que terá um tempo maior do que o filme. Então, poderá explorar outros fatos da vida de Hebe”, avisa Rafael, em entrevista ao Próximo Capítulo. O ator nos conta, em entrevista abaixo, que não conhece o autor de sucessos como Por amor e Sol de verão, mas que é fã do trabalho dele.
Confira abaixo os principais temas abordados por Rafael Primot, que ainda falou sobre a minissérie Aruanas, que será lançada no Globoplay, e sobre temas como machismo.
Ponto a ponto// Rafael Primot
A preparação para Hebe
Li muito sobre o Manoel Carlos, especialmente entrevistas. Sempre acompanhei a carreira dele. Sou bem fã. Ele é meio que um ídolo meu porque tem uma linguagem toda particular nas novelas dele. Os temas que ele aborda também são muito tocantes.
Manoel Carlos
Não o conheço e preferi não conhecê-lo agora para não correr o risco de cair no caricato. Busquei a alma dele. A Andrea Beltrão (que vive Hebe Camargo no filme e na série) me deu alguns toques sobre o astral dele e isso me ajudou na composição do personagem.. Ela contou que ele está sempre de alto astral. Manoel Carlos e Hebe eram amigos. Os dois foram pioneiros da TV brasileira.
Ator, diretor, escritor…
Sou prioritariamente ator. Foi por meio do ator que apareceram os outros projetos. E é por meio dele que esses projetos continuam vindo. Não dá para separar muito os projetos porque nossa profissão é muito maluca. Eu, às vezes me sinto foguete do destino, pois as coisas nem sempre acontecem no tempo que a gente quer e elas podem vir ao mesmo tempo. Então a gente tem que aprender a fazer o nosso tempo, a trilhar o nosso caminho.
Aruanas
É um projeto bonito que tem muito a ver com os dias de hoje. Gira em torno da temática ambiental, tendo uma ONG na série. O texto é muito bem escrito. Meu personagem participa mais do lado pessoal da personagem da Leandra Leal. Ele acha que ela é propriedade dele e se torna abusador.
Machismo
Esse personagem (de Aruanas) me ajudou a, como homem, ficar mais atento. O machismo vem impregnado em cada um de nós, é uma questão histórica na relação entre homem e mulher na América Latina. Temos que ficar atentos a essa questão do limite do outro. Isso acontece também em outras situações em que há abusos, não é só o sexual.
Cinema
Todo clichê de amor foi um projeto lindo de dirigir e tem um elenco incrível. Ele pode ser visto no Now. Fala de amor, de um afeto, de como a gente foge disso na contemporaneidade. Vivemos uma época de amores líquidos. No fim deste semestre devo rodar Reencontro, sobre pessoas excluídas da sociedade.
Próximos passos
Vou participar da série Chuva negra, no Canal Brasil. No teatro, tenho um projeto, embrionário ainda, que tem a ver com acessibilidade, com a união do público ouvinte com o não ouvinte. Precisamos olhar para as parcelas que são excluídas da cultura.