Por Pedro Ibarra
Um dos principais vilões do Batman ganha uma história própria na Max hoje. Pinguim é a nova aposta do streaming, mas está longe de tratar do mundo dos heróis dos quadrinhos da DC Comics. A série acompanha a escalada de Oz Cobb como um instrumento da máfia até o topo da vilania de Gotham City.
A narrativa começa pouco tempo depois do final do filme Batman (2022). O longa, que apresentou a nova versão do Pinguim interpretada por Colin Farrell, termina com Gotham alagada após explosões. O seriado, portanto, lida com as consequências diretas desses desastres e com a morte do chefão da máfia Carmine Falcone, deixando um vácuo de poder no submundo da cidade. No ponto em que a história inicia, Oz vê a oportunidade de crescer e se tornar um grande nome da criminalidade.
Por mais que se passe no universo do Batman, a série se propõe a contar uma história de disputa de poder e a máfia. Apesar de ter toda mitologia das histórias do homem-morcego, a ideia é usar essas personagens, esses locais e a situação para desenvolver uma história original da subida do Pinguim em direção ao topo de Gotham.
O Próximo Capítulo assistiu ao piloto da série que estreia hoje. As primeiras impressões são de que o seriado não tem vergonha de ser de um universo de heróis, mas não se esconde atrás disso para desenvolver a história. O tanto que os personagens famosos de Gotham são citados é diretamente proporcional às referências que a série faz a outras produções do universo da máfia.
Colin Farrell incorpora do andar característico de um pinguim a um jeito de falar que remete a famosos mafiosos italianos das telonas e telinhas como Tony Soprano ou Don Corleone. Ele tem um lado carismático já peculiar do personagem e que às vezes beira o cômico, mas é impetuoso e cheio de maldade como um bom vilão.
Por ser uma produção HBO, há uma potência maior na série, que está sendo feita por um estúdio que entende o que dá certo e o que não dá para televisão. É possível enxergar que toda narrativa foi muito bem delimitada para abarcar não só o público fã dos quadrinhos, mas para amantes das histórias policiais e bastidores do poder da criminalidade e contravenção.
Apesar de muito caricato nos quadrinhos, o Pinguim ganha uma seriedade digna dos criminosos mais importantes do audiovisual recente. Sem a muleta de um homem fantasiado o caçando e batendo, o personagem pode desenvolver uma trajetória própria e original, cheia de camadas e nuances que um vilão secundário jamais teria em um filme de pouco mais de duas horas de duração.
Ainda é cedo para cravar o acerto ou o erro do seriado, que será dividido em oito episódios lançados semanalmente no streaming. Porém é preciso dizer que a série agrada gregos e troianos. Os personagens que os fãs gostam estão lá, a dinâmica do submundo de Gotham também, assim como o ar de novidade e uma violência mais adulta e esperada em uma produção de máfia.
Em um período de saturação do público com os super-heróis, é bom destacar que Pinguim não é sobre esse universo colorido, fantasioso e cheio de efeitos visuais. Essa não é mais uma série de heróis. Na verdade, é tudo tão baseado na realidade que Gotham parece ser uma metrópole estadunidense que vemos no noticiário. Tudo é tão palpável que chega ser fácil esquecer o Batman.
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