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Peacemaker acerta no tom da série e dá peso a personagem

Publicado em Séries

O blog Próximo Capítulo já assistiu aos primeiros episódios da série Peacemaker e passa as impressões iniciais do que o público pode esperar

Por Pedro Ibarra

Após o sucesso inegável do Universo Cinematográfico Marvel no streaming, a DC dá os primeiros passos para um compartilhamento de personagens entre cinema e séries. O escolhido para essa empreitada foi o anti-herói Pacificador. O personagem, interpretado por John Cena, estrela a produção Peacemaker, estreia de quinta-feira (13/1) na HBO Max.

O seriado acompanha os momentos imediatamente seguintes ao final de O Esquadrão Suicida. O Pacificador sai fugido do hospital em que está e é interceptado por uma equipe de operações especiais. O motivo é uma nova missão de cunho secreto no mesmo molde suicida para o qual foi designado no filme lançado em 2021.

A série segue a mistura de comédia escrachada, humor ácido e ação visceral que pode ser vista no último filme do Esquadrão Suicida. Tudo é muito explícito, com muito sangue, cenas de sexo, linguagem e piadas inapropriadas. Porém, esse é o tom que o personagem carrega desde a primeira interação nos filmes da DC.

“Vou trazer a paz, não importa quantos homens, mulheres e crianças terei que matar para garantir isso”, esse é o principal bordão do personagem. A frase não deixa de ser um grande conflito, porém tudo do Pacificador é um conflito. Criado pelo pai para ser uma máquina de matar, o personagem vira um dilema entre um passado manchado de sangue e a possibilidade de um futuro como herói.

A escolha de John Cena para viver o personagem se mostra cada vez mais acertada a cada episódio. O ator une a veia cômica do pastelão com o físico e a irreverência do WWE. É como se o Pacificador tivesse sido feito pensando nele. A forma de falar, de lutar e de sentir o protagonista que Cena tem, dão uma verdade que parece improvável para uma figura que mata em nome da paz e que aceita uma missão sem ao menos saber do que se trata.

A parceria John Cena e James Gunn também é muito acertada, o diretor dá uma liberdade para o ator viver o cômico e não se levar a sério que poucos outros cineastas do ramo fariam. A série, por sinal, tem muito mais visível o dedo de James Gunn. Criado no cinema gore e de terror, mas aficionado por música e quadrinhos, o diretor bota cada um dos elementos que o fez um gigante da cinematografia de heróis, mas sem abrir mão da própria origem. Sem contar com a vinheta de abertura da série, que tem a assinatura de Gunn, e é uma das melhores e mais divertidas vinhetas da história recente da televisão.

Além de Cena, outros dois atores reprisam os próprios papéis de O Esquadrão Suicida no seriado. Jeniffer Holland, que faz a agente Emilia Harcourt, e Steve Agee, que faz o suporte de missão John Economos. Porém, ambos têm muito mais importância do que só o apoio que faziam no último longa dos vilões da DC.

O elenco ganha adições muito interessantes para a temporada. A começar pelo cômico e letal anti-herói Vigilante, personagem que também mata para combater o crime e clama ser o melhor amigo do Pacificador. Interpretado por Freddie Stroma, o Vigilante talvez seja o foco de algumas das mais divertidas e intensas cenas da produção. Ainda no núcleo principal é apresentado o pai do protagonista, o inescrupuloso e perverso Auggie Smith, vivido por Robert Patrick, o personagem que realmente apresenta, porque o Pacificador se tornou o que é. Outros dois personagens têm papéis centrais. São ele Leota Adebayo (Danielle Brooks), mulher que precisa participar da missão, mas esconde um segredo que a atormenta, e Clemson Murn (Chukwudi Iwuji), o mandante da equipe encabeçada pelo protagonista.

Em um movimento para expandir o universo dos cinemas para as séries, a DC acerta ao apostar em um personagem que não tinha nada a perder. A produtora para James Gunn surtar e John Cena, somado a um elenco muito competente, embarca nessa aventura que, mesmo completamente despretensiosa, conquista o coração do espectador e ao mesmo tempo o descola da cadeira, em uma mistura de carisma, comédia e ação. Se seguir na guinada dos episódios iniciais, Peacemaker tem tudo para ser um dos melhores lançamentos de herói em 2022.