Paula Santos participa da Dança dos famosos e ressalta “responsabilidade do quadro”

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Paula Santos compete no Dança dos famosos ao lado de André Gonçalves. Ao Próximo Capítulo, ela fala sobre a experiência de dançar em meio à pandemia e conta sobre como o balé apareceu na vida dela. Confira!

A dança de salão leva o imaginário popular às expressões “dois pra lá, dois pra cá” e “de rosto colado”. Epa! Em tempos de covid-19, colar o seu rosto no de outra pessoa pode causar arrepios. Mas dá para dançar com responsabilidade, garante Paula Santos, bailarina do Domingão do Faustão que se apresenta ao lado do ator André Gonçalves. Vice-líder do Dança com famosos até agora, Paula dribla o medo e diz que “nada supera ter a oportunidade de contagiar e levar alegria em tempos tão difíceis como esse para o público que nos assiste de casa.”

Entrevista/ Paula Santos

Como está sendo a experiência no Dança dos famosos em meio a uma pandemia?
Esse é um momento muito delicado! Participar de um quadro como esse, que envolve contato para criação, ensaios e várias horas juntos, é só pra quem realmente tem profissionalismo. Tem sido uma experiência ótima e muito sensível ao mesmo tempo. Qualquer imprevisto pode tirar a gente do jogo. Lidar com isso tem sido muito mais difícil do que criar qualquer coreografia. Este ano com certeza vai ficar marcado na história do programa. Tem sido desafiador, mas tem nos ajudado a respeitar o isolamento completamente. Porém, nada supera ter a oportunidade de contagiar e levar alegria em tempos tão difíceis como esse para o público que nos assiste de casa.

Quando soube que ia participar do quadro não bateu um medo por causa do isolamento?
Quando falamos de sonhos não podemos deixar o medo entrar junto. E, de fato, estar no Dança dos famosos tem sido um sonho realizado para mim, mesmo em meio a tantos acontecimentos inesperados, como essa pandemia. Acredito que o cuidado deve ser dobrado e manter a consciência coletiva e a responsabilidade são os pontos principais. Não me abalou. Só queria estar aqui.

O anúncio das professoras do quadro é sempre marcado por muita emoção. O que significa na carreira de vocês estar no Dança dos famosos?
Uma grande vitrine, oportunidade e valorização de uma profissional. Ter o privilégio de ensinar a sua arte e criatividade para outro corpo é algo emocionante! Ensinar uma pessoa a dançar é como ensinar uma criança a ler ou escrever pela primeira vez. Eu fui professora de escola e vi isso acontecer algumas vezes. É muito emocionante você ver a pessoa dançando, sendo ela mesma dentro de uma coreografia que você criou. Principalmente, porque a gente acompanha a evolução do artista dia após dia. Então, é super gratificante pra mim enquanto coreógrafa.

No quadro você ouve críticas a número de vocês por parte dos jurados. Como você costuma reagir a críticas?
Sobre a opinião do outro nunca teremos controle. Por esse motivo, eu sempre dou o meu melhor em tudo que faço, para que independente de colocação ou nota, nós tenhamos certeza que fizemos o melhor que pudemos. Acima de qualquer coisa, sempre levo em consideração as críticas como algo construtivo para acrescentar em meu próximo trabalho como profissional. Claro, que dependendo de quem está no júri, você leva a crítica mais a sério. Mas no geral, estamos bem resolvidos sobre as críticas.

Como é o André Gonçalves como aluno?
Um exemplo de superação, foco e dedicação diária. Ele me encanta com a vontade de querer aprender e evoluir ainda mais. Além de ser disponível, para somar e acrescentar positivamente em minhas criações coreográficas. Eu continuo afirmando que eu não teria parceiro melhor nessa temporada do que ele.

O Fausto Silva diz sempre no quadro que todos podem dançar. Podem mesmo?
A dança está dentro de cada um, ela é feita de ritmo e compasso. Se você sabe andar, sabe dançar! Correr é uma dança. Você mantém um ritmo e um compasso constante. Eu consigo enxergar a dança em quase tudo. Basta se permitir viver e despertar essa essência que vem de dentro. A dança está no amor, na liberdade, na entrega e na sua verdade. E isso todos possuem! Então é possível, sim, que todos dancem.

Como a dança apareceu na sua vida?
Aos 3 anos de idade a dança me escolheu. Sempre foi um sonho antigo da minha avó, colocar minha mãe no balé, mas que acabou se concretizando em mim! Desde então, eu não lembro de nenhum momento que tenha passado o dia sem pensar em dança ou sem dançar. Iniciei com aulas de jazz, até que experimentei outras inúmeras modalidades, como balé clássico, dança contemporânea, danças urbanas, dança do ventre, moderno, entre outras. Até que me profissionalizei em jazz pelo Sindicado dos Profissionais da Dança do Rio de Janeiro, aos 16 anos.

Tem algum estilo que você prefira? E que a mais desafie?
Sem sombra de dúvidas, o jazz. Seja ele em todas as suas variações, modern jazz, soul jazz, aero jazz, street jazz, lyrical jazz. Me sinto completamente confortável e confiante dentro dessa modalidade, pois consigo explorar minha dança do mais profundo sentimento, consigo te fazer chorar. Até ser a mais ousada possível. E isso é incrível de sentir e transmitir.

Você dançou nas Paralimpíadas do Rio. Como foi essa experiência?
Foi um dos maiores trabalhos que eu já participei. Não foi na abertura do evento mas durante os jogos. Eu fazia parte do time que entrava nas quadras ou arquibancadas e precisávamos manter a energia do ambiente na mais alta frequência. Dançávamos samba, funk, rock, hip hop e fazíamos improvisos para o público. Participei de todo o processo coreográfico e criativo das coreografias para os jogos Olímpico e Paralímpico. A cada jogo era uma emoção diferente e isso me inspirou para explorar novas modalidades na minha área como profissional.

Como é viver de dança num país como o Brasil, em que a cultura é deixada pelos governantes em segundo plano?
No Brasil parece que é sempre mais difícil, porém não é impossível. Existem lugares onde a dança tem ganhado seu espaço. Eu sempre fui movida a desafios e esse pra mim é só mais um. Me destaquei e venho construindo minha história dia após dia. Mas por ser um país onde viver de arte é improvável se perde muito talento, muita gente boa que não enxerga na arte uma forma de sustento. Imagina, quantos Carlinhos de Jesus estão por aí? Quantas Anas Botafogo? Quantas Arielles Macedo? Só de pensar que existem talentos escondidos por aí e que só falta espaço de incentivo para eles brotarem já me causa uma aflição enorme.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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