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“Passei a ver o mundo com olhos mais atentos”, diz Giovanna Rispoli sobre viver uma surda em Malhação

Publicado em Entrevista

A atriz Giovanna Rispoli conta que só tem a aprender com a personagem Milena, que interpreta em Malhação. Leia entrevista com ela!

Não é só o público que aprende ao ver uma personagem bem construída, que tenha alguma mensagem. O intérprete também. É o que garante a atriz Giovanna Rispoli, a Milena de Malhação – Toda forma de amar. “Passei a ver a sociedade e o mundo com olhos mais atentos para as dificuldades que esse grupo (os surdos), e outros também, enfrentam”, afirma Giovanna, em entrevista ao Próximo Capítulo. “É uma responsabilidade muito grande estar à frente de uma personagem que é surda, sendo ouvinte. É preciso passar o máximo de verdade e representar uma comunidade que precisa de visibilidade”, completa.

Milena é surda e passa por dificuldades por isso, mas nada que a impeça de ter uma vida ao lado de ouvintes, como o namorado Daniel (Hugo Moura) ou o pessoal da academia onde ela luta jiu jítsu. “Viver a Milena está sendo um desafio sim, talvez o maior, mas um desafio muito gostoso, pois me fez entrar em um universo novo e muito importante que é o da surdez. Está sendo um presente para minha vida e minha carreira”, afirma a jovem atriz, que, dedicada, faz aulas de Libras há meses e conta com o auxílio constante de uma fonoaudióloga.

 Giovanna Rispoli em cena de Malhação ao lado de Hugo Moura
Foto: Cesar Alves/Globo. Giovanna Rispoli em cena de Malhação ao lado de Hugo Moura, o Daniel

Giovanna esteve, entre outros trabalhos, na séries Carcereiros e O mecanismo, mas garante que sempre quis fazer Malhação. “Atores que acompanhei justamente assistindo à novela, como Alice Wegmann e Juliana Paiva, foram de certa forma minhas inspirações, então fazer parte desse universo agora como atriz é muito legal. Eu estou amando a trama, o núcleo, produção e direção. O espaço que a Malhação traz para as temáticas mais essenciais dessa fase da vida é certamente muito importante”, explica.

Entrevista// Giovanna Rispoli

Você considera a Milena a personagem mais desafiadora da sua carreira? Porque?
Viver a Milena está sendo um desafio sim, talvez o maior, mas um desafio muito gostoso, pois me fez entrar em um universo novo e muito importante que é o da surdez. Está sendo um presente para minha vida e minha carreira.

Como foi a sua preparação para viver a Milena? Teve aulas com fonoaudiólogos, por exemplo?
Eu tenho o acompanhamento de uma fonoaudióloga, que me ajuda a construir a parte oralizada da personagem, e também faço aula de libras há meses, além da preparadora de elenco que também me acompanha.

Teve algum medo de rejeição da Milena por parte do público?
Com certeza. Pois é uma responsabilidade muito grande estar à frente de uma personagem que é surda, sendo ouvinte. É preciso passar o máximo de verdade e representar uma comunidade que precisa de visibilidade. Estou muito feliz, pois venho recebendo um retorno muito bom, principalmente dos surdos e deficientes auditivos, o que é muito gratificante.

O que a Giovanna aprendeu com a Milena?
Eu aprendi e aprendo todos os dias com a Milena e com todas as pessoas com quem eu passei a conviver. Passei a ver a sociedade e o mundo com olhos mais atentos para as dificuldades que esse grupo, e outros também, enfrentam. Uma causa que eu passei a apoiar e vou continuar apoiando.

A Milena enfrenta alguns problemas em Malhação. Acha que a sociedade está preparada para tratar os portadores de alguma necessidade especial?
Principalmente em nosso país, acredito que tenha muita coisa que poderia ser feita. Eu tenho participado de eventos que estão relacionados à acessibilidade surda. Fiquei bem feliz em saber que existem recursos e novas tecnologias mais inclusivas. A Milena vive uma vida “normal”, convive com pessoas que não são surdas, luta jiu-jítsu, namora um rapaz que não é surdo, pretende ser médica, tem uma fono na trama, que é uma atriz surda, ou seja, tudo para mostrar que pode e deve ser assim na vida real.

Como foi sair da Lívia, de Carcereiros, para a Milena?
São duas personagens incríveis e completamente diferentes, muito bom para meu crescimento profissional e muito importante para mostrar mundos totalmente diferentes. Eu adoro esses desafios e espero que o público também.

Carcereiros vai virar filme. A Lívia também aparece no longa?
Sim, Carcereiros , o filme estará nos cinemas em novembro e está incrível. A participação da filha do Adriano na trama é bem pequena, mas importante, pois demonstra o drama dela em ver o pai correndo um risco maior! Mais vocês terão que assistir (risos).

Com 17 anos, você já tem muitos trabalhos na TV e no cinema. O elenco de Malhação tem muitos atores que estão começando na carreira. Você dá muitas dicas aos seus colegas?
O elenco da Malhação é incrível. Eu amo estar com eles e aprender com eles também. Nós trocamos muito e ajudamos um ao outro. Temos nossos encontros e momentos fora do set de gravação e isso também é muito bom!

Você esteve em O mecanismo, da Netflix. Quais são as principais diferenças de atuar na TV aberta e numa plataforma de streaming?
Foi uma pequena participação em O mecanismo, mas foi muito legal ter feito, eu gostei bastante, poder contracenar com Enrique Diaz. Não pude sentir tanto essa diferença pelo fato de a participação ter sido pequena, mas é fato que a série teve muita repercussão.

O mecanismo é uma série de boa audiência. A repercussão com o público é na mesma proporção do que a de Malhação?
Acredito que para meu personagem a Malhação tem tido uma repercussão maior, um contato maior. Com a série eu não tive esse mesmo retorno em relação à personagem, mas, sim, em relação à série!

Malhação é uma produção voltada ao público juvenil. Você acha que esse é um público carente de produções de qualidade na TV voltadas especialmente para ele? A que você gosta de assistir sem ser a trabalho?
Eu sempre tive vontade de fazer Malhação. Atores que acompanhei justamente assistindo à novela, como Alice Wegmann e Juliana Paiva, foram de certa forma minhas inspirações, então fazer parte desse universo agora como atriz é muito legal. Eu estou amando a trama, o núcleo, produção e direção. Quando não estou gravando e assistindo a Malhação pelo aplicativo (pois muitas vezes não consigo ver em tempo real), vejo séries como Grey’s anatomy, que adoro. Acho que a maioria dos jovens têm acesso a muitas produções, sendo voltadas ou não para nós. Mas o espaço que a Malhação traz para as temáticas mais essenciais dessa fase da vida é certamente muito importante.