Kênia Bárbara, atriz. Kênia Bárbara, atriz | Crédito: Marcio Farias/Divulgação

Para Kênia Bárbara, negros em destaque é “um caminho sem volta”

Publicado em Entrevista, Novela, Perfil

Intérprete de Lucília em Amor perfeito, atriz celebra o avanço do movimento antirrascista na TV

Por Patrick Selvatti

 

A novela Amor perfeito, trama das 18h da TV Globo, chegou ao capítulo 100 com um acontecimento importante: a morte da fotógrafa Lucilia Gouveia, antagonista ao amor dos protagonistas Marê (Camila Queiroz) e Orlando (Diogo Almeida), uma personagem movida pela obsessão. “Lucília é visceral e usa da sua inteligência a favor da sua ambição”, define a intérprete, Kênia Bárbara, 33 anos.

A atriz destaca que, como Lucília — que, “como boa mineira, tem uma natureza introspectiva presente”—, Kênia é uma mulher determinada. “Me identifico com ela na disciplina. Lucília é muito focada, estratégica e teimosa. Incansável quando se trata de alcançar seu objetivo. Obstinada. Me vejo assim”, afirma a mineira de Juiz de Fora, em entrevista.

Ela se define como uma mulher que sonha. E, com fé e trabalho, realiza. “Meu maior sonho é consolidar meu trabalho, meu nome no mercado. Ser sinônimo de bom profissionalismo e excelência. Eu sonho alto”, afirma ela, que também é cantora, poeta e compositora.

Kênia estreia em novelas neste momento histórico em que as três novelas no ar na Globo são protagonizadas por negros. “É importante vermos as grandes empresas, quem tem o poder e dinheiro na mão, com ações concretas nesse movimento antirracista. Rompermos com esse imaginário criado sobre as pessoas pretas fortemente influenciado e reforçado em produções televisivas passadas. É um avanço importantíssimo e um caminho sem volta”, destaca a mineira de Juiz de Fora, que também pode ser vista em Os outros, série original Globoplay.

Nesse trabalho, Kênia é Joana, que tem uma filha com o ex-policial Sérgio (Eduardo Sterblitch), um miliciano de quem ela depende financeiramente. Ao contrário dessa personagem, a intérprete — que é formada em psicologia, mas priorizou a carreira artística — sempre se virou nos 30 para sobreviver. Enquanto não conseguia trabalhos como atriz, atuou em lojas de roupas, na cozinha de um restaurante, como animadora de festas etc. Entretanto, em 25 anos de carreira, não parou de correr atrás do seu objetivo. Batalhadora, traz, no currículo, algumas atuações no audiovisual: as séries Stella Models (Canal Brasil) e 3% (Netflix) e os filmes O Juízo (Andrucha Waddington), Meu coração não aguenta mais (Fabrício Brambatti) e Dispersão (Bruno Vianna, ainda não lançado).

No teatro, Kênia Bárbara atuou nos espetáculos Meninos e meninas, escrito e dirigido por Afra Gomes e Leandro Goulart, Yabá, mulheres negras, dirigido por Luiza Loroza, Pá de cal, de Jô Bilac, Cão gelado, de Gunnar Borges, e JORGE pra sempre VERÃO, de Rodrigo França. Com essa última peça, sobre a vida de Jorge Lafond (1952-2003), a atriz esteve recentemente em Brasília. “Jorge foi uma figura muito presente na minha infância com sua exuberância, autoestima, inteligência, elegância, beleza, talento… Uma das primeiras referências pretas que tive”, conclui a artista, que, como cantora, tem planos de lançar um EP. “Ou um álbum, quem sabe…”