Olivier Anquier: “Me orgulho do Brasil como qualquer brasileiro”

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O chef Olivier Anquier vem a Brasília para o evento Good/Goût de France, da Embaixada da França. Em entrevista ao Próximo Capítulo, o apresentador do Junior Bake off Brasil se derrete pelas crianças. Confira!

Olivier Anquier é chef, empresário, apresentador de tevê, palestrante. O multifuncional talento está nesta quarta-feira (27/2) em Brasília para participar do Good/Goût de France, evento fechado da Embaixada da França. O segredo para ser tão eclético, Olivier ensina: “se eu faço, é porque eu me sinto bem, tenho prazer em fazer”.

Atualmente, Olivier pode ser visto à frente do reality show Junior Bake off Brasil, no SBT. Na tela, um dos primeiros chefs de renome a ter programa fixo na tevê brasileira comanda crianças que se arriscam na confeitaria. “Eu me deparei com uma geração que já tem muita noção do perigo do açúcar, já sabe do efeito do açúcar no paladar e, portanto, tem uma diminuição grande da matéria prima açúcar nos doces que eles fazem. E outra coisa, eles são muito ousados, mais corajosos para tentar e fazer coisas que saem do tradicional aprendido em casa”, surpreende-se o chef.

Um dos momentos de muita crítica em reality shows em que crianças competem é o da eliminação. Mas ele garante que não há espaço para a tristeza entre os meninos eliminados. “No momento da eliminação, não existe mágoa ou sentimento de vítima, mas, sim, gratidão, porque eles sabem que aprenderam alguma coisa. Sabem que estão jogando e o jogo segue, mas o tempo que estiveram ali, cada semana que conquistaram, tiveram muito o que aprender”, afirma.

Em entrevista ao Próximo Capítulo, Olivier Anquier fala sobre ter se naturalizado brasileiro (“Eu penso, reajo e me orgulho do Brasil como qualquer brasileiro nascido aqui. A diferença é que não nasci, eu escolhi”), programa de tevê, gastronomia e as diversas atividades que exerce. Confira!

SBT/Divulgação. Olivier Anquier se surpreendeu com elenco jovem do BakeOff Brasil

Leia entrevista com Olivier Anquier

Você está no ar, no Junior BakeOff Brasil. As crianças te impressionaram muito? Por que?
Trabalhar com criança é sempre muito emocionante porque envolve muita sinceridade e pureza, muitas reações instintivas e francas. Então, são muito agradáveis esses momentos compartilhados com eles. E é surpreendente! Porque me deparei com uma geração que já tem muita noção do perigo do açúcar, já sabe do efeito do açúcar no paladar e, portanto, tem uma diminuição grande da matéria prima açúcar nos doces que eles fazem. E outra coisa, eles são muito ousados, mais corajosos para tentar e fazer coisas que saem do tradicional aprendido em casa. Enquanto os adultos são mais cautelosos, mais difíceis de sair da zona de conforto, as crianças arriscam mais e surpreendem pela ousadia e pelo sucesso daquilo que eles se dispõem a fazer e apresentar.

Como lidar com a reação dos meninos ao serem eliminados? Já no Cozinheiros em ação você se emocionava, com as crianças é mais difícil?
Por incrível que pareça, é muito mais simples, menos difícil. Porque as crianças são muito mais conscientes do que elas fazem e de onde elas estão. Elas sabem que estão aprendendo, sabem que não são perfeitas, e não têm nenhuma pretensão, espírito de certeza de que o que eles estão fazendo está ideal. Então, no momento da eliminação, não existe mágoa ou sentimento de vítima, mas, sim, gratidão, porque sabem que aprenderam alguma coisa. Sabem que estão jogando e o jogo segue, mas o tempo que estiveram ali, cada semana que conquistaram, tiveram muito o que aprender.

Você gosta de ensinar a cozinhar?
Eu adoro ensinar a cozinhar, adoro ensinar de uma forma geral. Por isso que eu ministro aulas há muitos anos, para todo tipo de público, que viraram uma forma de envolvimento entre as pessoas que estão ali para receber um ensinamento e eu, que tenho um prazer imenso em fazer isso. Também adoro quando dou palestra para executivos, empresários, para grupos diversos sobre empreendedorismo, minha história e a minha experiência como empreendedor dentro da realidade do cotidiano dos brasileiros. Gosto muito dessa troca, os dois lados aprendem.

Hoje em dia é comum vermos chefs à frente de programas de tevê. Você foi um dos primeiros no Brasil a fazer isso. Sente-se mais à vontade em frente às câmeras ou na cozinha?
Eu atuo na TV, atuo na cozinha, em palco, sou empresário… São diversas atividades e, em todas elas, me sinto muito à vontade, porque, se eu faço, é porque eu me sinto bem, tenho prazer em fazer. Eu só faço o que eu gosto de fazer, por isso me sinto bem na frente das câmeras, assim como me sinto na cozinha, ou no meu escritório, ou no palco com meu público.

Você costuma assistir aos programas de seus colegas?
Eu trabalho o dia todo. Estou presente fisicamente todos os dias em todos os meus estabelecimentos e isso faz com que eu tenha pouco tempo de descanso. Por isso, não só quase não vejo nada dos meus colegas, como não vejo mais nada, nem filmes.

E de se assistir, você gosta ou fica incomodado?
Eu não desgosto de me assistir porque acho importante ver e perceber nossos erros. Eu, por exemplo, confesso que meu português evolui muito quando vejo os meus erros nos meus programas. Ajuda principalmente a corrigir a minha pronúncia dos plurais nas palavras.

Você comanda vários negócios em São Paulo, escreve livros, grava programas de tevê… sobra tempo para a cozinha e para criar receitas?
Lógico! Apesar de a agenda ser corrida por estar presente nos meus estabelecimentos, escrever livros e gravar para a televisão, a meu ver, a vida não é dividida como uma pizza, cada parte separada para um aspecto. A minha vida é um conjunto, e tudo tem de casar com harmonia. Pensando e agindo desse jeito, de forma natural, tudo funciona, sem deixar para trás a família, a afetividade ou o descanso.

Você estará em Brasília para o Good/Goût de France. Quais são as principais influências da gastronomia e da panificação francesas no Brasil?
Acho que a influência da culinária francesa na gastronomia brasileira é um conjunto de fatores. O primeiro é que, em meados de 1994, a economia brasileira se estabilizou e começou a surgir uma classe média, que pôde viajar e acumular referências. Acumulando referências, começaram a exigir alguns produtos e qualidade contidos na culinária francesa. O segundo fator é que nessa época, diversos chefs franceses, como Claude Troisgros, Laurent Suaudeau e Emmanuel Bassoleil, e no departamento de panificação, eu mesmo, começamos a fazer um trabalho de oferecer esses produtos, e a maneira de fabricá-los era de como faziam na França. Hoje, a técnica francesa de gastronomia é universal, a base e alicerce da cozinha.

Você acha que hoje faz uma cozinha misturada entre a brasileira e a francesa? Como se dá essa união?
Eu enxergo que essas referências e técnicas recebidas foram acompanhadas pelas faculdades de gastronomia, no nascimento de chefs brasileiros, cujo alicerce foi começar nessa técnica francesa e incorporar os ingredientes genuinamente brasileiros, fazendo com que hoje se encontre uma nova cozinha brasileira com esse casamento. A técnica da gastronomia francesa, a criatividade brasileira e a incorporação de ingredientes brasileiros. Quanto à culinária tradicional brasileira, ela é uma cozinha semelhante à do povo rural da Europa. Os guisados, os refogados são técnicas que existem no universo europeu de origem latina. Os portugueses fazem parte desse grupo e existe essa familiaridade por conta da colonização, já que a história gastronômica brasileira foi baseada muito na culinária portuguesa. Nesses últimos 25 anos, a culinária francesa ajudou a evoluir a culinária tradicional brasileira, e isso não apenas na questão de negócios e restaurantes, mas no cotidiano, nas casas dos brasileiros.

Em 2007 você se naturalizou brasileiro. Por que tomou essa decisão?
Eu tomei a decisão de virar brasileiro porque o que eu estava vivendo, sentindo, e o que eu estava desenvolvendo através do meu trabalho e da minha vida no Brasil, inevitavelmente me levava a essa decisão. Eu penso, reajo e me orgulho do Brasil como qualquer brasileiro nascido aqui. A diferença é que não nasci, eu escolhi.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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