Diz a sabedoria esportiva que em time que está ganhando não se mexe. Mas técnicos visionários e campeões rebatem que, com consciência e estratégia, a mudança pode ser uma boa jogada rumo a confundir o adversário. Parece ser esse o pensamento de Amauri Soares, diretor de televisão da Globo. Ele garante que as manhãs da emissora passam pelo melhor momento em cinco anos. Mesmo assim, a Globo faz, a partir desta segunda-feira (4/7), um pequeno jogo de cadeiras, com algumas mexidas não só no comando, mas na cara dos programas.
Com a nova grade, o Encontro abre a programação de variedades, de segunda a sexta, às 9h30, e sob o comando de Patrícia Poeta e Manoel Soares. Em seguida, às 10h15, vem o Mais você, de Ana Maria Braga. Aos sábados, a partir das 6h50, Maria Beltrão, Talitha Morete, Thiago Oliveira e Rita Batista, ficam cinco horas no ar ao vivo com o É de casa.
“Estamos atentos aos movimentos da sociedade brasileira, que mudou muito com a pandemia, e nosso trabalho é ter essa conexão com a sociedade. Existem basicamente dois grupos pela manhã: quem busca informação e quem busca companhia. A gente oferece as duas coisas, mais serviço”, afirma Amauri Soares.
Mariano Boni, diretor de variedades da TV Globo, completa: “A gente vai oferecer 100% de verdade em 20 horas ao vivo por semana. Vamos falar das coisas que fazem parte da vida das pessoas: a gasolina cara, o golpe do celular, a fila do INSS”.
Para Patrícia Poeta, fazer essa ponte entre o jornalismo e o entretenimento é natural e um desejo antigo. “Estaremos ligados no hard news para fazer o aprofundamento que o jornal, às vezes, não tem tempo de trazer. E também teremos muita leveza, muita notícia boa, para passar o horário para a Ana Maria”, explica a jornalista e apresentadora, que volta a morar em São Paulo depois de 22 anos longe da capital paulista.
Essa mudança para São Paulo vai propiciar a Manoel Soares que mostre ao Brasil um pouco além do lado urbano da cidade conhecido pelo país. O apresentador está animado e promete uma visão diferente de quem mora há muito tempo ali e adora São Paulo.
Acorda, menina!
Há muitos anos sendo o primeiro programa fora do jornalismo da grade, o Mais você começará um pouco mais tarde. “Será um horário mais desapegado do jornalismo. É um desafio, porque hoje estou voando num céu de brigadeiro, confortável, e passo para um produto que nem nossa equipe conhece ainda”, afirma Ana Maria. A apresentadora diz que precisa conhecer bem a audiência dela e que trabalha com os números sendo “cantados” minuto a minuto no ponto eletrônico. “Só sei fazer se for assim”, garante.
Na pandemia, Ana Maria Braga teve um aperitivo do novo horário. Com o jornalismo ocupando a faixa do Mais você, Fátima Bernardes abriu espaço no Encontro para Ana Maria, de casa, cozinhar. O resultado surpreendeu. “Percebemos ali que a culinária nesse horário é muito bem-vinda”, lembra Ana Maria.
Além da culinária, Ana Maria continuará dando um “sacode” na vida das pessoas para que elas mudem o que estiver dando errado, especialmente numa época em que o dinheiro está curto. “O ‘acorda, menina’ é um bordão que não tem horário. Se eu quiser, posso falar ele num programa noturno, porque ele é uma ressignificação para as pessoas mudarem de vida. Fico sensibilizada vendo que temos a oportunidade de gerar movimento na vida da pessoa com uma simples frase”, comenta, orgulhosa das várias histórias de sucesso que inspira diariamente.
Nova casa
“No nosso caso, o que muda somos nós. O É de casa continua basicamente o mesmo.” Quem garante é Maria Beltrão, a maior novidade dessas alterações todas. A jornalista volta à conexão com a sociedade ao explicar que um programa de cinco horas tem que saber o momento de falar de agro, de artesanato, de notícias, de cozinha, de bichos. E essa “grade” o programa, segundo ela, já domina.
O “molho” da receita serão eles mesmos. “Eu vou ter que mudar o chip porque vou falar para um público muito maior e para faixas que eu não pegava na Globo News. O jeito de abordar o aumento do gás, por exemplo, é diferente”, diz Maria.
Uma das marcas dela à frente do Estúdio I era a espontaneidade, o que o público e ela mesma chamavam de “estar na Suíça”. No É de casa, isso não será deixado de lado: “O público vai olhar para mim e dizer ‘ela é isso aí’. Vou falar muita besteira porque adquiri a coragem de falar e fazer besteira no ar. Mas também sei falar sério, se preciso. A Globo News me deu a experiência de ficar cinco horas numa cobertura jornalística”.
Rita Batista, Thiago Oliveira e Talitha Morete também batem na tecla da pluralidade e da interatividade entre eles. “O sotaque já chama a atenção. Mas isso não reduz minha carreira. São 18 anos na Globo. Vamos trazer as vozes de várias partes do Brasil. Nosso programa tem pluralidade”, diz Rita.
Thiago completa: “Vou falar de esporte? Vou. Mas vamos mostrar também o que cada um tem na essência. Sempre com a missão de levar alegria e mensagens de esperança para o público. Vamos abrir a porta para a diversidade”.
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