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Em Gênesis como Lilit, Ana Elisa Mattos defende que artistas precisam ser empreendedores

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“Vivemos em um país que não valoriza a cultura. Por isso, acho importante que os artistas tenham seus próprios projetos”, define Ana Elisa Mattos

A atriz Ana Elisa Mattos fez a carreira, em geral, no teatro. Mas o currículo dela também tem experiências na televisão, no streaming e no cinema. Atualmente, ela pode ser vista na telinha no folhetim Gênesis, da Record. Na grandiosa novela bíblica, Ana Elisa interpreta Lilit, a serva da Rainha Enlila (Maria Joana).

Ela conta que a oportunidade de participar da novela veio por meio de um convite. “Costumo dizer que não sei exatamente como isso aconteceu. Uma coisa é certa, é fruto de muito trabalho, de estar há anos trabalhando como atriz e amadurecendo meu trabalho”, conta em entrevista ao Próximo Capítulo.

Ana Elisa acredita que ocorreu graças à experiência em dois filmes feitos por ela de uma parceria da Paris Filmes com a Record Filmes. “Foi nessa oportunidade que a Record conheceu meu trabalho. Então suspeitamos que possa ter vindo a partir dos filmes. Mas foi uma surpresa muito boa chegar esse convite”, completa.

Para dar vida a Lilit, a atriz se dedicou ao estudo da cultura politeísta. Ela diz que fez workshops com o restante do elenco com historiadores e professores, que deram uma base teórica. Em seguida, o time de atores participou de uma preparação com Fernanda Guimarães. “Foram meses de trabalho antes da pandemia, com a preparação e, depois, já no set, com o acompanhamento das gravações. O trabalho com Fernanda foi fundamental. A construção de uma personagem é um trabalho feito a muitas mãos, desde os roteiristas até as maquiadoras”, define.

Paralelamente à novela, a artista toca projetos próprios. O primeiro é de uma série nas redes sociais intitulada Ai, que exagero!, produzida ao lado de Luiza Braga. Também estão nos planos um espetáculo sobre a cientista Marie Curie. “Levanto muito a bandeira de que os artistas sejam empreendedores de si mesmos. Vivemos em um país que não valoriza a cultura – mesmo o nosso meio movimentando tanto a cultura e gerando tantos empregos. Por isso, acho importante que os artistas tenham seus próprios projetos, se produzam e não fiquem à mercê de ter uma oportunidade, um convite. Por isso, tenho sempre projetos”, revela.

Confira a seguir mais trechos da entrevista com Ana Elisa Mattos!

Entrevista // Ana Elisa Mattos

Crédito: Patrícia Canola/Divulgação

Como foi o seu início na carreira de atriz?
Comecei no teatro aos 8 anos e sou muito orgulhosa de ter construído a minha base nele. O teatro é tão complexo, profundo e amplo, que ele oferece as bases para que você consiga lidar com o audiovisual também. É no teatro onde tudo começa. É o teatro que sempre está presente, faz você se ver como nunca tinha pensado. Fiquei por 10 anos em um grupo de teatro amador. Depois fundei meu próprio grupo e, já ali, comecei a produzir espetáculos. Me formei na PUC-SP, em Comunicação das Artes do Corpo, e, a partir de então, sigo trabalhando profissionalmente. Mas se for parar para pensar tudo que faço hoje, a maneira como aprendi a exercer a profissão, essa necessidade de me produzir e me perguntar sobre o que eu quero falar, já estava tudo apontado naquela menina que fazia teatro amador…

Você tem no currículo trabalhos como Chiquititas, Nada a perder e Coisa mais linda. Como foram essas experiências para você?
Cada meio tem a sua linguagem. É diferente fazer tevê, cinema e teatro – as questões técnicas são muito diferentes entre si. Digo sempre que quero abusar da minha profissão em todas as possibilidades que ela me oferece. Por isso, quero fazer sempre todas essas linguagens. Cada trabalho tem o seu desafio, tem a personagem que é construída.. É muito divertido cada hora ser uma e perceber a humanidade que tem em todas elas.

Como tem sido a oportunidade de participar de uma trama tão grandiosa como Gênesis?
Participar de uma superprodução como essa, fazer parte de um elenco que já tem experiência em tevê e conviver com toda a equipe foi de muita responsabilidade e de muito prazer. Estamos contando a primeira mitologia que tivemos conhecimento dos livros mais antigos que temos conhecimento… Tivemos a oportunidade de criar e fazer arte em um momento histórico tão delicado, em um país que tem lidado com a pandemia de uma forma tão difícil. E como se isso tudo ainda não fosse suficiente, formamos um elenco coeso, unido, companheiro, que se ajudava o tempo todo e virou amigo. É sim um grande privilégio e agradeço todos os dias!

Além da novela, você tem outros projetos?
Uns sendo finalizados, outros prontos para estrear. Nesse próximo mês de março estreio a série Ai, que exagero! – um projeto meu em parceria com a atriz Luiza Braga. Uma série de 8 episódios que fala sobre essa necessidade que temos de controlar o tempo, o que vai acontecer. Quem não tem curiosidade de saber o que vai acontecer se fizer determinada coisa… Só que esse controle é ilusório. Precisamos viver para saber o que vai acontecer. Ai, que exagero! vai ser exibida nas minhas redes sociais e nas da Luiza Braga, sempre nos mesmo dias e mesmo horários, que ainda definiremos. E, para teatro, assim que a pandemia der uma brecha, vamos estrear um espetáculo sobre a cientista Marie Curie. Esse espetáculo tem dramaturgia assinada por mim e direção de Erica Montanheiro.