Apesar de aproveitar a boa fase de atrações teens, Ninguém mandou é superficial e não consegue alcançar o ritmo de outras produções do gênero, em que, inclusive, diz se inspirar
No catálogo da Netflix desde 31 de julho, Ninguém mandou (Ou Get even, em título original) é uma produção da BBC que adapta para o audiovisual a série de livros da californiana Gretchen McNeil: Don’t get mad… Get even, de 2014, e Get dirty, de 2015 — ainda sem tradução para o português.
A autora define a história como uma fusão entre o filme Clube dos cinco (longa-metragem de 1985) e o seriado juvenil Pretty little liars, que teve sete temporadas e foi exibido entre 2010 e 2017. Definição um tanto ousada. Ao menos para a versão televisiva composta por uma temporada de 10 episódios.
Tanto na série, como no livro, o espectador acompanha a história do grupo DGM, sigla para Don’t get mad, formado por Kitty Wei (Kim Adis), Bree Deringer (Mia McKenna-Bruce), Margot Rivers (Bethany Antonia) e Olivia Hayes (Jessica Alexander), quatro adolescentes completamente diferentes que estudam na mesma escola e, apesar de não serem “amigas” — cada uma está ligada a um círculo social do universo escolar — estão juntas, em segredo, para expor os valentões do colégio, se vingando deles divulgando vídeos e informações nas redes sociais.
Logo no início da narrativa, as meninas se vêem numa situação complicada porque um dos futuros alvos do grupo acaba sendo assassinado e a culpa recai sobre o DGM. Elas, então, precisam investigar quem está querendo incriminá-las, ao mesmo tempo em que precisam manter as identidades anônimas do grupo.
Crítica de Ninguém mandou
A premissa da história é interessante e, claramente, lembra produções adolescentes, como a própria Pretty little liars, citada pela autora da saga literária, assim como Gossip girl. No entanto, Ninguém mandou está longe de atingir os bons momentos dessas duas outras produções, que começaram bem e desandaram só nas temporadas finais.
O grande problema de Ninguém mandou é o fato da trama ser insossa mesmo que envolva a investigação de um crime. Faltam bons mistérios, assim como um ritmo envolvente, características de produções com esse tipo de narrativa presente.
A série também se debruça pouco sobre as protagonistas, apesar de todas poderem ter histórias interessantes e essa superficialidade afasta do espectador, que não cria empatia com o quarteto principal. A produção ainda tem o problema de soar boba e absurda em alguns momentos.
Um ponto positivo do seriado é o fato de não colocar essas protagonistas femininas ao redor de narrativas que envolvam apenas romances. Isso até está lá, mas está longe de ser o foco.
Uma sequência ainda não está garantida. Mas, caso seja renovada, a produção deve seguir os caminhos do segundo livro da saga, Get dirty, lançado em 2015.