“Não me identifico, nem julgo”, diz Gui De Rose sobre vilão bíblico

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Com formação em letras e relações internacionais, o brasiliense Guilherme De Rose estreou como ator em ‘Reis’, na Record

Por Patrick Selvatti

O ator brasiliense Guilherme De Rose estreou em uma novela literalmente “apanhando”. Logo na primeira cena da oitava temporada de Reis, da Record, o vilão bíblico Ziba leva uma surra, em praça pública, de Mefibosete (Miguel Coelho). “Como foi minha primeira cena da vida em uma grande emissora nacional, eu brinco que eu comecei esse primeiro trabalho na TV apanhando”, diverte-se ele, que substitui o ator Matheus Costa na nova fase.

“O fato de todo mundo me achar parecido com o Matheus também me ajudou muito a conseguir o papel”, observa Gui, que, desde muito novo, fez teatro na capital federal para vencer a timidez e teve a oportunidade de aprender com grandes artistas brasilienses, como Alexandre Ribondi, com quem fez duas peças, Luciana Martucheli, Gisele Lemper, Bernardo Felinto, João Campos, entre outros.

Formado em letras com especialização em relações internacionais na Universidade de Brasília (UnB), o brasiliense de 39 anos se profissionalizou como ator em 2020, em plena pandemia, no Teatro Escola Célia Helena, em São Paulo. Segundo Gui, o trabalho na TV surgiu por acaso, já que ele estava com foco total em teatro. O divisor de águas foi um curso de interpretação para câmera com o ator e diretor de TV Flávio Guedes e a diretora de elenco da Record, Monica Teixeira, na produtora DMCTV, no primeiro semestre de 2022. “No final de abril desse ano, a DMCTV me contatou, como agência de atores, disse que tinha um personagem no meu perfil e me indicou para o teste”, conta De Rose.

Com formação católica, Guilherme admite que não teve mais contato com a Bíblia desde a primeira comunhão feita em uma paróquia do Lago Norte, quando era menino. Para interpretar o Ziba, um personagem bíblico, precisou se debruçar de novo sobre o livro sagrado para pesquisa e construção do personagem. “Além disso, tive a oportunidade também de encenar textos extraídos ipsis litteris da Bíblia, como a passagem em que o Ziba engana o rei Davi, o que foi um desafio interessante para embocadura, em que não há possibilidade de qualquer mudança textual, no momento da execução da cena”, conta.

O intérprete de Ziba não enxerga nenhuma similaridade com o personagem, um vilão ambicioso, mentiroso e dissimulado que finge ser um servo leal ao Mefibosete e também ao rei Davi (Petrônio Gontijo), mas acaba os enganando para atingir seus objetivos. Além disso ele abusa da personagem Damaris (Louise Clós) e participa de várias outras vilanias ao longo da trama. “Eu não julgo o personagem, mas no caso do Ziba também não me identifico com ele”, assegura.

Entre os trabalhos realizados por Guilherme De Rose, antes da Record, destaque para a peça-online Inconfessáveis, realizada durante a pandemia. Em 2021, recém-formado no Teatro Escola Célia Helena, em plena pandemia, o ator passou o ano em processo com o ator e diretor Marcelo Varzea, investigando o teatro narrativo e autoficcional. “Como resultado, integrei o elenco dos espetáculos on-line (In)Confessáveis 2 e (In)Confessáveis 3 – A Saga Final.  Eram cenas, baseadas em confissões, que apresentamos ao vivo das nossas casas pelo zoom e o público julgava, em seguida, por meio de uma enquete, se eram histórias verdadeiras ou totalmente ficcionais”, detalha o brasiliense. “Foi um experimento cênico virtual de muito êxito. Tínhamos mais de 300 pessoas logadas por noite de espetáculo e, depois, fazíamos um bate-papo pelo zoom com todo mundo. Foi maravilhoso”, celebra.

Confira a entrevista para o Próximo Capítulo:

Como era sua vida em Brasília?

Eu sou nascido e criado em Brasília e, desde muito novo, fiz teatro na capital para vencer minha timidez. Tive oportunidade de aprender com grandes artistas da cidade, como o Alexandre Ribondi, com quem fiz duas peças, a Luciana Martucheli e a mãe dela a Gisele Lemper, o Bernardo Felinto, o João Campos entre muitos outros. Ao longo do tempo, sempre mantive um espaço artístico e criativo na minha vida de forma amadora, mesmo tendo seguido também por outros caminhos profissionais. Sou formado em letras com especialização em relações internacionais na Universidade de Brasília e só me profissionalizei como ator em 2020, em plena pandemia, no Teatro Escola Célia Helena em São Paulo.

E como surgiu o trabalho na TV?

O trabalho na TV surgiu por acaso. Eu estava com foco total em teatro há mais de um ano, mas tinha feito um curso de interpretação para câmera com o ator e diretor de TV Flávio Guedes e a diretora de elenco da Record Monica Teixeira na produtora DMCTV no primeiro semestre de 2022. Final de abril desse ano, a DMCTV me contatou como agência de atores, disse que tinha um personagem no meu perfil e me indicou para o teste. Fiz o teste e a indicação foi aprovada para substituir o ator Matheus Costa como Ziba na mudança de fase para a 8a temporada. Nesse sentido, o fato de todo mundo me achar parecido com o Matheus também me ajudou muito a conseguir o papel.

Você tinha o hábito de ler a Bíblia antes de surgir Reis?

Eu fiz primeira comunhão numa paróquia do Lago Norte quando era menino e desde então não tive mais muito contato a Bíblia.  Para interpretar o Ziba, que é um personagem bíblico, eu precisei me debruçar de novo  sobre esse livro sagrado para pesquisa e construção do personagem. Além disso, tive a oportunidade também de encenar textos extraídos ipsis litteris da Bíblia, como a passagem em que o Ziba engana o rei Davi, o que foi um desafio interessante para embocadura, em que não há possibilidade de qualquer mudança textual, no momento da execução da cena.

Em que lugar você se identifica com o Ziba?

O Ziba é um vilão bíblico. Ambicioso, mentiroso e dissimulado. O personagem finge ser um servo leal ao Mefibosete e também ao rei Davi, mas acaba os enganando para atingir seus objetivos. Além disso ele abusa da personagem Damaris e participa de várias outras vilanias ao longo da trama. Eu não julgo o personagem, mas no caso do Ziba também não me identifico com ele. Posso dizer que a primeira cena que eu gravei como Ziba foi a que o personagem apanha em praça pública do ator Miguel Coelho (Mefibosete). Como foi minha primeira cena da vida em uma grande emissora nacional também, eu brinco que eu comecei esse primeiro trabalho na TV apanhando. É uma grande oportunidade, um desafio enorme e todo um grande aprendizado dessa indústria de sonhos que você precisa internalizar, então a gente vai aprendendo muito na prática. O processo tem sido maravilhoso, porque o clima na Record é incrível até para quem tá começando.

Fale um pouco sobre o projeto desenvolvido durante a pandemia, a peça online…

Em 2021, recém-formado no Teatro Escola Célia Helena, em plena pandemia, eu passei o ano em processo com o ator e diretor Marcelo Varzea, investigando o teatro narrativo e autoficcional. Como resultado, integrei o elenco dos espetáculos on-line (In)Confessáveis 2 e (In)Confessáveis 3 – A Saga Final. Eram cenas, baseadas em confissões, que apresentávamos ao vivo das nossas casas pelo zoom e o público julgava em seguida, por meio de uma enquete, se eram histórias verdadeiras ou totalmente ficcionais. Foi um experimento cênico virtual de muito êxito do Marcelo Várzea com muito público em todas as apresentações, tínhamos  mais de 300 pessoas logadas por noite de espetáculo e depois fazíamos um bate-papo pelo zoom com todo mundo. Foi maravilhoso. Tive oportunidade de conhecer e trabalhar com vários artistas de lugares variados do Brasil. Fiz vários amigos na arte graças a esse processo.

Patrick Selvatti

Sabe noveleiro de carteirinha? A paixão começou ainda na infância, quando chorou na morte de Tancredo Neves porque a cobertura comeu um capítulo de A gata comeu. Fã de Gilberto Braga, ama Quatro por quatro e assiste até as que não gosta, só para comentar.

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