Atriz Monique Hortolani estrela O cangaceiro do futuro, série da Netflix, como Amália, personagem para quem o estudo é um caminho para a liberdade. Leia entrevista com a atriz!
O estudo é um passaporte para a liberdade e uma arma contra o patriarcado que reinava no cangaço dos anos 1920 e 1930. Esse é o lema de Amália, personagem defendida por Monique Hortolani em O cangaceiro do futuro. Em entrevista ao Correio, Monique fala sobre essa condição de Amália e sobre o que chamou a atenção dela no projeto.
Entrevista // Monique Hortolani
O que te chamou a atenção no projeto?
A primeira coisa que me chamou minha atenção no projeto foi o cuidado, o capricho usado dentro da representatividade do cangaço. A série tem um teor cômico, uma abordagem mais cordelista pela qual eu, particularmente, sou apaixonada porque normalmente os filmes sobre cangaço são violentos, sanguinários. Já na série, temos a mesma ótica do cangaço em relação à época, só que mais leve. Também me chamou a atenção o fato de ser um projeto com um elenco 95% nordestino, dirigido por diretores nordestinos que tanto admiro.
Quem é Amália, a sua personagem?
Amália é uma menina super inteligente que sonha em um dia transpor a barreira patriarcal e vê no estudo um passaporte para a tão sonhada liberdade que ela fantasia existir no cangaço. Ela tem uma visão lúdica, cordelista do que é o cangaço porque se baseia nas histórias que Mariah (Chandelly Braz) conta para ela e os irmãos. Acho super importante ressaltar o lugar de privilégio de Amália em ter acesso a educação numa época em que o analfabetismo imperava.
Amália acredita na força transformadora da educação. Como ela vai externar isso?
Através do seu não conformismo e pela coragem de se arriscar atrás da liberdade de poder ser o que ela quiser e fazer as próprias escolhas. Ela é uma menina aventureira, corajosa, empoderada e uma líder nata que vai ajudar com toda sua inteligência Virguley e o bando.
Uma parte da ação da série se passa no Nordeste da época de Lampião. Como Amália vai lutar pela educação numa sociedade política?
Eu não acho que Amália tem esse propósito de lutar pela educação nesse primeiro momento. O que ela faz é mostrar para aquelas pessoas que o estudo é a arma mais poderosa que se pode ter. Ela luta para entrar pro cangaço numa época onde não se tinha relatos de mulheres cangaceiras. A própria Maria Bonita só entrou em 1929 quando se juntou com Lampião. Como eu disse, Amália é aventureira e corajosa, ela usa o estudo para se destacar no bando e ganhar a confiança de Virguley.
O cangaceiro do futuro é um contrasenso? Ou podemos ter um cangaceiro hoje em dia?
Não é um contrassenso, na minha opinião. Acredito que existem muitos “Virguleys” por esse Brasil afora. Pessoas que deixam sua terra natal em busca de oportunidades melhores e lidam com muita coisa, como o preconceito, por exemplo. No caso do cangaceiro tipo Lampião, é complicado falar de uma forma superficial, mas naquela época o movimento de entrar pro cangaço estava relacionado à disputa de terra, coronelismo, vingança, revolta à situação de miséria no Nordeste e descaso do poder público. A volante também era sem escrúpulos, corrupta e mega violenta na época, o que deixava a situação daqueles sertanejos bem complicada, fazendo com que muitos aderissem ao cangaço. Se fizermos um paralelo com o que tem acontecido no mundo hoje, não estamos tão distantes do cangaço assim.
Além de ser atriz, você comanda o projeto Destrava, voltado para pessoas que têm medo de falar em público. Esse é um medo seu? Se sim, como é interpretar alguém com questões parecidas?
Não, esse nunca foi um medo meu, o que eu sentia até de me formar como atriz, era muita ansiedade antes de falar em público.
Como funciona o Destrava?
O Destrava é um curso 100% on-line que ensina um passo a passo para que qualquer pessoa possa destravar para falar com confiança em público e em vídeos. Vai além da oratória, ele desenvolve a comunicação autêntica como um todo. Foi desenvolvido por mim e pela minha sócia Carol (Carolina Rossi), duas atrizes que tinham problemas extremamente opostos na forma de se comunicar. Carol, era tímida e morria de vergonha de falar em público. Já eu, não tinha medo de falar em público, mas ficava muito ansiosa. Com muito estudo nós conseguimos vencer essas barreiras que travavam nossa comunicação e decidimos compartilhar esse conhecimento gratuitamente no Instagram do Destrava. Daí as pessoas começaram a perguntar se tinha um curso e então nós gravamos um. O Destrava é a sementinha que estamos plantando para quem sabe tornar o mundo um lugar um pouco melhor, cheio de pessoas que se expressam com mais empatia, confiança e assertividade.