Genius
Criado por Walter Isaacson, Raf Green e Noah Pink, a proposta da série antagônica (àquelas categorias de produções que apresentam histórias diferentes por temporadas) até que desperta curiosidade: contar a história da vida do grande mestre da ciência moderna, o físico Albert Einstein. Porém, na prática, a curiosidade se traduz em decepção.
O piloto começa com a ambição de mostrar não só como a grande mente de Einstein funcionava, mas também o “lado” que poucos conhecem sobre a vida do físico. Até aí tudo bem, mas será que o público quer realmente saber da vida sexual do Einstein? Eu preferia ficar na ciência mesmo. No lado positivo, é muito rico entender o contexto histórico que cercou a vida do alemão judeu no pré-segunda guerra.
Importante lembrar que a história é dividida em dois aspectos temporais e público pode acompanhar o adolescente Einstein (Johnny Flynn) e o Albert que ficou famoso com importantes descobertas sobre o tempo (Geoffrey Rush). Importante também criticar a National Geographic Channel (realizadora da produção) por promover a história em língua inglesa, algo sem o menor sentido (já que, teoricamente, estamos na Alemanha), a não ser, é claro, o sentido comercial, que – por ironia do destino – Einstein desaprovava.
Will
Continuando a saga de contar a história de grandes personalidades históricas – que na verdade só denota uma falta de criatividade – como fez a National Geographic com Einstein, o canal TNT aposta no enredo sobre a vida de William Shakespeare, com a série Will. Criada por Craig Pearce e com o protagonismo de Laurie Davidson (no papel do escritor), a série aposta no enredo que apresenta o mestre da literatura em sua juventude e recém chegada a Londres, onde começou a exposição de suas peças.
A única parte positiva que consegui relevar foi a história de contexto religioso da época – que perseguia católicos -, mas de resto: a trama é péssima. Sem a mínima qualidade técnica (como atores usando gel para cabelo em 1589 e a trilha sonora punk), ou criativa (a cena de Shakespeare declamando uma peça no meio da rua pode até ser real e importante para a carreira do escritor, mas em Will é uma coisa dolorosa de se ver), a produção decepciona – e na minha opinião, desrespeita – a biografia do autor inglês.
Não sei se explica a baixa qualidade da produção, mas é importante lembrar que a série foi originalmente produzida em 2013, pelo canal à cabo norte-americano Pivot, mas nunca foi ao ar.
Aranyélet
A produção húngara não está estreando nesta mid-season, mas ganhou um espacinho no Próximo Capítulo agora. Baseada em um livro finlandês, o enredo (produzido pela HBO europa) apresenta no piloto a história de Attila Miklósi (Szabolcs Thuróczy), um pai de família classe média alta que vive de crimes, alguns pesados, outros nem tanto. Com o apoio da mulher, a ambiciosa Janka (Eszter Ónodi), Attila passou anos lidando com uma vida arriscada, mas agora, após a morte do pai, está preparado para sair do crime, mas naturalmente não será tão fácil assim.
Aranyélet tem uma qualidade excepcional. A narrativa rápida, com personagens complexos (até os filhos, que geralmente são extremamente chatos) e um retrato crítico-cultural da atual Hungria (que, surpreendentemente, pode ser tão corrupta como o Brasil) tornam o piloto em quase um filme, e deixa o espectador ansioso pelo próximo episódio.
A estética da produção é muito diferente do que a maioria está acostumada – que é a referência norte-americana – e pode causar estranhamento (o plano da câmara no volante na cena de perseguição de carros é muito desconfortável), mas é importante para lembrar que existe mais do que os planos abertos de drones que as produções de Hollywood nos ensinaram.
Still star-crossed
A outra aposta de enredo histórico é Still star-crossed. Com enredo voltado para um – criativo, mas ineficaz – pós-Romeu & Julieta, a produção chegou ao ar pelo canal norte-americano ABC, com produção de – ela mesmo – Shonda Rhimes, a obra é baseada no livro de mesmo nome de Melinda Taub.
O plot do piloto é absolutamente confuso, trata-se de um Romeu & Julieta 2.0, já que depois da morte do casal mais famoso da literatura, o público passa a acompanhar a saga de Rosaline Capuleto (Lashana Lynch) – melhor amiga de Julieta –, que é obrigada a se casar com Benvolio Montecchio (Wade Briggs) – primo de Romeu – (sim, as famílias agora são aliadas), mas tudo ganha aquela “complicação” quando o público descobre que Rosaline é apaixonada pelo príncipe Escalus (esse eu não tenho certeza de onde saiu).
Ao ler essa sinopse do piloto você pode estar até pensando “nossa, que estagiário confuso”, mas ao ver o primeiro episódio da produção isso é o máximo que qualquer um pode tirar, acredite. Por mais que a iniciativa de continuar um clássico como Romeu & Julieta seja interessante, tudo na trama é um caos, sem pé, nem cabeça. Atores perfeitamente bem penteados e maquiados no século 16 denotam a péssima entrega de qualidade técnica ao público. Definitivamente não é algo que durará muito.
Salvation
Demorou, mas finalmente Elon Musk virou heroi na ficção (na vida real, ele já é para alguns). Apesar da série não dar nome aos bois, o personagem Darius Tanz é um gênio da tecnologia, empresário multimilionário. Uma das suas empresas constroi (e até vende para o governo) espaçonaves. Ele também acredita que a raça humana está muito frágil por permanecer restrita ao planeta Terra, já que diversas extinções em massa ocorreram na história, e podem ocorrer novamente a qualquer momento. Ele coordena um projeto para levar o homem a Marte. Parece familiar? Pois é…
Em Salvation, um universitário trabalha em um projeto para mapear o céu, estrelas, meteoros, planetas… enfim, o universo. Durante o projeto, ele descobre que um meteoro está vindo na direção da Terra, e a colisão é suficiente para aniquilar a espécie humana. Depois de revelar essa informação para um professor do MIT, o docente desaparece. Preocupado, o jovem vai atrás de Darius, que convenientemente estava visitando a faculdade para realizar uma palestra. Eles se juntam na missão de “salvar o planeta Terra”, com ideias mirabolantes, no nível Armagedom.
Os fãs do estilo com certeza vão gostar da produção. Mas quem não curte, melhor nem chegar perto. A série tem aquelas falhas clássicas de roteiro previsível, construções fracas de personagens, diálogos ingênuos… Realmente é só para quem gosta deste universo.
I’m Sorry
Mais uma produção que só funciona para os fãs do gênero: essa é para os fãs do stand-up. Andrea Savage, comediante conhecida, interpreta uma personagem homônima, também comediante, casada e com uma filha pequena. O roteiro expõe a todo momento a imaturidade da personagem que precisa lidar com situações bem adultas, e é daí que vem a graça.
Em alguns momentos, a história ousa com os temas, sem evitar polêmicas como sexo e racismo. Assim como este aspecto pode agradar algumas pessoas, pode incomodar outras. No primeiro episódio, já temos uma criança horrorizada questionando a mãe sobre parto normal, e sobre “como um bebê passa por ‘lá’ na hora do nascimento”. Na internet, é possível ver muitas pessoas falando que não conseguiram passar dos primeiros três minutos. Se essa é a sua praia, mergulhe fundo, mas se até os especiais de comédia da Netflix mais bem classificados não te convencem, é melhor deixar de lado.
Downward Dog
Socorro! As pessoas ainda não aprenderam a não colocar cachorros “falantes” em produções? Se a coisa não for muito bem feita, não convence, não funciona, não cativa. Quando comecei a ver Downward Dog entrei em desespero. Uma voz melancólica começa a soar toda vez que o cachorro Martin aparece na tela, e como ele é o protagonista, isso acontece o tempo todo. A série acompanha os pensamentos e indagações do animal, que vive com a publicitária Nan.
A vida solitária de Martin gira ao redor de tentar compreender e decifrar as relações humanas. Como o roteiro deu uma personalidade muito humana para o cachorro, essa brincadeira de emoções como inveja, ciúmes, desejos, alegria e decepções dá um toque de humor bem diferente ao seriado, que pode agradar a quem procura rir com algo inusitado (mas não, não me convenceu)
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