Method Man, ator e rapper do grupo Wu Tang Clan, fala sobre a nova temporada de Power book II: ghost e a importância do universo Power na tevê
Por Pedro Ibarra
Chegando ao final da terceira temporada, Power book II: ghost está em momentos de forte tensão. A série, que é um das vários derivados de Power, é sucesso nos Estados Unidos e chega aos momentos finais como um legado de um grande universo televisivo que marcou gerações.
O ator Clifford Smith, conhecido popularmente como o rapper Method Man, membro do Wu Tang Clan, faz parte dessa continuação. Ele interpreta Davis Maclean e analisa que a série já tem vida própria para além da mãe, Power. “Nossa audiência é ótima, eles aprovam essa série que, além de todo o lado da representatividade, é liderada por um personagem que todo mundo odiava. Agora, todos estão torcendo por ele”, diz o artista em entrevista à Revista. Sobre a temporada, afirma que é hora de desenrolar enroscos da trama. “É uma temporada de repercussões, vários eventos importantes do último ano têm efeitos diretos nos episódios que estamos lançando”, adiciona.
No entanto, a relevância de Power chama a atenção. Tanto nesta série quanto na original, passando por todos os outros três derivados, o universo compartilhado dos personagens mudou o curso da televisão. Com elenco majoritariamente negro e latino, tornou-se uma das franquias mais relevantes e representativas da atualidade entre as séries de tevê. “Muito tem relação com a diversidade da série. As pessoas assistem e veem a si próprias na tela, conseguem ver como o mundo realmente é. Na falta de uma frase melhor, um lugar mais colorido”, avalia Method.
O ator atribui a popularidade da série à verdade como tratam dos temas. “As pessoas querem ver a realidade, para além do que vemos na televisão e no cinema. Não é todo mundo que tem a grama verde, que pode fazer todas as refeições do dia, ou pode abrir a geladeira e ter opções do que comer. Cada um tem seus próprios problemas. Se eu consigo me relacionar com o que você passa, de alguma forma, somos irmãos”, afirma. Por isso, acredita que Power fala uma língua universal. “A cultura negra dos Estados Unidos ressoa com outra culturas negras de outros países, como o Brasil, por exemplo, porque são pessoas em situações semelhantes se relacionando. Eu entendo suas dores e batalhas, mesmo não falando a sua língua. Nós conversamos as mesmas batalhas”, completa o ator e rapper.
Para o artista, Power é uma cultura, dá para encontrar um pouco da série em coisas que vieram antes e depois da produção. “Eu acho que é uma realidade, dá para achar um pouco de Power em tudo. Um Power brasileiro, por exemplo, pode ser Cidade de Deus, que, por sinal, é uma obra-prima”, elogia Method Man. “Nós somos influentes. Se empurramos mais a nossa cultura, continuaremos vivendo por muito tempo”, completa.
Voracidade pela criação
Method é feliz por fazer parte de Power porque se diz viciado na arte que faz. “Quando você é um artista de verdade, o seu vício é criar. Tem gente que precisa fumar, beber, se drogar, dançar… quando você é criativo e faz arte, a única coisa que você pensa é arte”, conta. “Quando eu comecei a minha carreira, estava feliz toda noite, estava sempre animado e queria sempre mais. Quando chegava em casa e via todo o dinheiro na conta, eu me lembrava: ‘caramba, sou pago para fazer isso’. Estar em um espaço criativo é a verdadeira recompensa.”